ATA DA NONAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 29-10-2001.

 


Aos vinte e nove dias do mês de outubro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D’Avila, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, José Fortunati, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal e Sebastião Melo. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Nonagésima Sessão Ordinária, que deixou de ser votada, face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Almerindo Filho, 04 Pedidos de Providências; pela Vereadora Maria Luiza, 02 Pedidos de Providências. Também, foi apregoado o Ofício nº 548/01, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 008/01 (Processo nº 4119/01). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 003/01, da Vereadora Helena Bonumá, Presidenta da Comissão Especial constituída com a finalidade de analisar o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 001/01 (Processo nº 0799/01); 654/01, do Senhor Rogério Favreto, Procurador-Geral do Município. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Dora Lídia Bischoff, Presidenta da Associação de Defesa da Comunidade do Bairro Farrapos, que discorreu acerca das dificuldades enfrentadas por essa comunidade em função dos constantes alagamentos que ocorrem na zona norte da Cidade, defendendo a manutenção das deliberações aprovadas no Programa de Orçamento Participativo, no que se refere à destinação de verbas para obras de pavimentação e saneamento básico no referido Bairro, e contrapondo-se à Emenda Popular apresentada pela população do Bairro São Geraldo ao Orçamento do Município para o ano dois mil e dois. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Nereu D’Avila, Cassiá Carpes, Raul Carrion, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Maristela Maffei e Reginaldo Pujol manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e quarenta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta minutos, constatada a existência de quórum, em verificação nominal solicitada pelo Vereador Reginaldo Pujol. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Estilac Xavier manifestou sua satisfação pela li minar concedida pelo Desembargador Araken de Assis, a qual determinou a suspensão da realização do referendo previsto na Lei Complementar Municipal nº 466/01, que dispõe sobre regras de transição e modificação do Regime Previdenciário Próprio do Município e cria o Fundo Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Porto Alegre, na forma da Emenda Constitucional nº 20. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o transcurso, ontem, do aniversário do Vereador Nereu D’Avila, procedendo à entrega, em nome da Mesa Diretora, de um cartão de felicitações a Sua Excelência. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Nereu D’Avila externou sua satisfação pelas felicitações recebidas por Sua Excelência, em virtude do transcurso do seu aniversário, e reportou-se ao pronunciamento do Vereador Estilac Xavier, questionando as manifestações realizadas pela Bancada do Partido dos Trabalhadores neste Legislativo, quando da expedição da liminar que determinou a suspensão do referendo previsto na Lei Complementar Municipal nº 466/01. O Vereador Humberto Goulart comentou o “Programa de Saúde da Família”, instituído pelo Governo Federal, aludindo ao programa de médicos comunitários implantado pelo Hospital Conceição. Nesse sentido, avaliou dados pertinentes aos atendimentos prestados por essas equipes de saúde nas diversas regiões do Brasil, afirmando que o alto índice de receptividade a esse sistema verificado na região nordeste do País se deve às características econômicas da população desse local. O Vereador João Antonio Dib teceu considerações a respeito dos problemas enfrentados pelas comunidades dos Bairros Farrapos e São Geraldo, no que tange aos alagamentos que vêm ocorrendo nesses locais, salientando que, no entender de Sua Excelência, o Executivo Municipal dispõe de verbas suficientes para solucionar essa problemática. Ainda, analisou dados relativos aos valores auferidos pela Prefeitura Municipal com a arrecadação de tributos municipais. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel referiu-se à aprovação, por este Legislativo, da Lei Complementar Municipal nº 466/01, que institui o Regime Próprio de Previdência do Município de Porto Alegre, defendendo a realização de consulta referendária quanto à criação de uma entidade destinada a gerir os recursos previdenciários e mencionando a Ação Direta de Inconstitucionalidade promovida pelo Executivo Municipal contra o dispositivo que previa a realização do aludido referendo. A Vereadora Helena Bonumá, reportando-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador João Carlos Nedel, defendeu as propostas de participação popular na Administração Pública implementadas pelo Partido dos Trabalhadores no Governo Municipal. Nesse sentido, elogiou a decisão liminar exarada pelo Desembargador Araken de Assis em Ação Direta de Inconstitucionalidade, no sentido de suspender a realização de referendo sobre o Regime Próprio de Previdência do Município de Porto Alegre. O Vereador Isaac Ainhorn teceu críticas à atual sistemática de funcionamento do Programa de Orçamento Participativo implementado pelo Partido dos Trabalhadores no Governo Municipal, afirmando que esse instrumento inviabiliza a atuação das organizações e entidades representativas da comunidade e defendendo a sua imediata regulamentação. Também, apoiou a realização de referendo sobre o Regime Próprio de Previdência de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes manifestou-se sobre notícias divulgadas através da imprensa, referentes à divulgação de gravações de conversas telefônicas havidas entre os Senhores Diógenes de Oliveira e Luiz Fernando Tubino, as quais indicariam haver ligação entre o Senhor Olívio Dutra, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, e banqueiros do "jogo do bicho". Nesse sentido, criticou a atuação do Partido dos Trabalhadores à frente dos Executivos Municipal e Estadual. O Vereador Sebastião Melo comentou aspectos alusivos ao Programa de Orçamento Participativo implementado em Porto Alegre. Ainda, teceu considerações sobre os contratos emergenciais firmados pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre e a Empresa Coletora de Resíduos Limitada - CORES, solicitando cópias desses contratos e informando que, se não atendido, ingressará com Ação Cautelar Inominada, com a finalidade de promover a exibição judicial dos referidos documentos. O Vereador Haroldo de Souza manifestou-se contrariamente à instalação de uma pista de eventos em área de propriedade da Universidade do Trabalho na zona norte da Cidade. Também, criticou as políticas públicas implementadas pelo Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo Municipal e informou que protocolizará uma Emenda ao Orçamento do Município para o ano de dois mil e dois, a fim de garantir a criação de casas-lares para acolher crianças carentes. O Vereador Isaac Ainhorn discorreu sobre as alterações propostas pelo Governo Municipal, no que se refere à aplicação progressiva do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU - em Porto Alegre. Nesse sentido, aludiu ao comparecimento, amanhã, a esta Casa, do Senhor José Eduardo Utzig, Secretário Municipal da Fazenda, para tratar desse tema e sustentou que os índices de aumento do referido tributo contrariam os interesses da população. O Vereador João Antonio Dib reportou-se às declarações do Senhor Olívio Dutra, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, atinentes ao suposto envolvimento do Governo do Estado com banqueiros do “jogo do bicho”. Ainda, questionou o conduta adotada pelo Executivo Estadual, no sentido de averiguar denúncias da participação de policiais no crime organizado e externou seu apoio às corporações que integram a polícia gaúcha. O Vereador Estilac Xavier pronunciou-se sobre as diretrizes políticas adotadas pelo Partido dos Trabalhadores no intuito de zelar pela manutenção de uma postura ética em suas relações com a sociedade brasileira. Também, referiu-se aos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - constituída pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul com a finalidade de investigar denúncias de irregularidades na área de segurança pública do Estado. O Vereador Luiz Braz teceu críticas ao Partido dos Trabalhadores - PT, no que diz respeito aos objetivos da criação do Clube da Cidadania e aludiu às manifestações de apoio divulgadas pela Associação de Advogados pela Democracia - ADD - às invasões de terras efetuadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. Também, contrapôs-se à utilização do Programa de Orçamento Participativo, pelo PT, como instrumento de participação popular. O Vereador Antonio Hohlfeldt pronunciou-se criticamente quanto às relações políticas existentes entre o Senhor Diógenes de Oliveira e membros do Partido dos Trabalhadores. Também, questionou a permanência de integrantes do MST em canteiro central da Avenida Loureiro da Silva, nas proximidades desta Casa, sustentando ser responsabilidade do Executivo Municipal a transferência desses ocupantes para um local adequado. O Vereador Raul Carrion, protestando contra a atuação do Governo Federal, no que diz respeito principalmente ao campo econômico, social e ético, defendeu a atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo Estadual e afirmou serem desprovidas de fundamento denúncias levadas a público nos últimos dias, que relacionam o envolvimento do Governo do Estado com doações irregulares feitas por banqueiros do “jogo do bicho”. O Vereador Carlos Alberto Garcia avaliou os resultados do Congresso Estadual do Partido Socialista Brasileiro - PSB, realizado do dia vinte e seis ao dia vinte e oito de outubro do corrente, em Porto Alegre, relatando os temas discutidos durante esse evento e apontando as tendências do PSB estadual para as eleições gerais de dois mil e dois. Ainda, prestou solidariedade e apoio ao Senhor Olívio Dutra, pelas denúncias de supostas irregularidades no Governo Estadual. Após, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador João Carlos Nedel, aditado pela Vereadora Helena Bonumá, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Foi aprovado o Requerimento nº 251/01 (Processo nº 4141/01 – Requer a realização de Sessão Solene, na Feira do Livro, para entrega do Prêmio Literário Érico Veríssimo ao escritor Tabajara Ruas), de autoria da Vereadora Helena Bonumá. Em seguida, foram aprovados Requerimentos de autoria do Vereador Reginaldo Pujol, solicitando a retirada de tramitação da Emenda nº 04, aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 005/01 (Processo nº 1322/01), e solicitando seja a Emenda nº 05, aposta ao referido Projeto de Lei, dispensada do envio à apreciação de Comissões Permanentes. Também, foi rejeitado Requerimento de autoria do Vereador Estilac Xavier, solicitando a retirada do regime de urgência para o Projeto de Lei do Executivo nº 005/01, por onze votos SIM e dezessete votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Estilac Xavier, Helena Bonumá, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion e Sofia Cavedon e Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Estadual Cézar Busatto. Em Discussão Geral e Votação, foi rejeitado o Projeto de Lei do Executivo nº 005/01, por onze votos SIM e dezessete votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores Helena Bonumá, Beto Moesch, Adeli Sell, Sofia Cavedon, Raul Carrion, José Fortunati, Elói Guimarães, Juarez Pinheiro, Isaac Ainhorn, Sebastião Melo, Ervino Besson, Maristela Maffei, Clênia Maranhão e Estilac Xavier, em votação nominal solicitada pelo Vereador Pedro Américo Leal, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Estilac Xavier, Helena Bonumá, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion e Sofia Cavedon e Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 005/01, os Vereadores Marcelo Danéris, Aldacir Oliboni, Humberto Goulart, Maria Celeste, Antonio Hohlfeldt e Pedro Américo Leal cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Sofia Cavedon, Raul Carrion, Isaac Ainhorn, Adeli Sell, Clênia Maranhão e Estilac Xavier. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 060/01, por vinte e três votos SIM, em votação nominal solicitada pelo Vereador Cassiá Carpes, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Ervino Besson, Estilac Xavier, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo. Em Votação Nominal, 1º Turno, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 001/01, o qual teve sua votação adiada por uma Sessão, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Raul Carrion. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador João Carlos Nedel, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 006/00. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 099/01. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 121/01, o qual foi discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Estilac Xavier e João Antonio Dib. Na ocasião, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do teor do Projeto de Lei do Legislativo nº 121/01. Também, foi votada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, a qual obteve sete votos SIM e um voto NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Antonio Dib, tendo votado Sim os Vereadores Beto Moesch, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel e Reginaldo Pujol e Não o Vereador João Antonio Dib, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito horas e cinqüenta e dois minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Carlos Alberto Garcia, Paulo Brum, Ervino Besson e João Antonio Dib, este nos termos do artigo 27, § único, do Regimento, e secretariados pelos Vereadores Helena Bonumá, Paulo Brum, Ervino Besson e João Carlos Nedel, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Passamos à Tribuna Popular, que hoje será usada pela Associação de Defesa da Comunidade do Bairro Farrapos. A Sr.ª Dora Lídia Bischoff, Presidenta da Associação, está com a palavra.

 

A SRA. DORA LÍDIA BISCHOFF: Saudações à Mesa e a todos os Senhores Vereadores. Como Presidente da Associação, ex-conselheira por três gestões, defensora da participação popular em relação à Emenda Popular nº1 que define a retirada de 2 milhões de reais da pavimentação, para soluções do Bairro São Geraldo, nas questões do DEP, vou fazer alguns esclarecimentos sobre as dificuldades da região, que é composta de 6 microrregiões do Orçamento Participativo. Composta por 5 bairros, 22 vilas – sendo que 5 destas vilas são regulares, e entre essas, 4 necessitam de pavimentação, e as ilhas. Sabe-se que onde não há pavimentação não pode ser implantado o esgoto pluvial, ocorrendo constantes alagamentos que invadem as casas, assim como o barro e a poeira. As ruas que têm infra-estrutura não suportam, pelo assoreamento da rede existente, pois como no Bairro São Geraldo, toda a região está abaixo da quota do rio, o que faz os sedimentos ficarem depositados na rede. E as ilhas, como ficam? Se a Ilha da Pintada já está há 4 anos disputando trechos da Rua Nossa Senhora da Boa Viagem.

Partindo deste ponto esclarecerei sobre as prioridades definidas por 2.365 pessoas que ficaram assim elencadas: Em 1º lugar foi saúde; em 2º habitação; 3º desenvolvimento econômico; 4º educação; 5º pavimentação e em 6º saneamento básico. Por quê? A região é muito problemática, as pessoas não têm acesso à saúde, porque é longe de onde moram porque sequer possuem dinheiro para as passagens, havendo três postos de saúde que não dão conta das necessidades. Precisa-se de mais programas e atendimento à população do continente. As ilhas têm dois postinhos de saúde que, também, não dão conta das necessidades básicas dessa população.

Em 2º lugar, a habitação. As pessoas moram de forma desumana, necessitando de projeto de geração de renda para sobrevivência digna, creches e escolas infantis para as mãezinhas poderem buscar alguma ocupação no mercado de trabalho.

O saneamento básico - na microrregião de São Geraldo - foi colocado em 1º lugar, mas diluiu-se devido aos problemas mais prementes. Resgatando um pouco sobre o Bairro São Geraldo. Quando o governo nos acenou - como parte de solução de mais ou menos 40 % dos problemas de alagamento - com a construção do conduto forçado da Avenida Polônia, toda a região abriu mão de suas necessidades para colocar em 1º lugar nas demandas, pois o Bairro Anchieta também sempre teve graves problemas de alagamentos, assim como Navegantes, Humaitá e Vila Farrapos. Mesmo assim a Região foi solidária.

A impressão que nos passam é a de que somos cruéis com o Bairro São Geraldo. Mas saibam os Senhores que a Vila Farrapos tem 38 anos de existência e tem 33 ruas pavimentadas e 53 sem pavimentação. E nós que sempre lutamos, conseguimos apenas uma ou duas ruas por ano. Então, assim sendo por volta do ano de 2050 nós iremos conseguir pavimentar todas as ruas da Vila Farrapos. Imaginem, até lá nem sequer eu estarei viva para assistir.

No Bairro São Geraldo nós temos uma Comissão Mista de Gerenciamento, da qual faço parte, para tentar resolver o problema, já conseguimos que se fizesse uma varredura de limpeza e desobstrução da rede de esgoto, desde a galeria aos ramais secundários em execução, onde está sendo investido 225 mil reais, que se não resolver pode amenizar e dar condições de se ver qual a melhor ação para a solução, pois a Comissão está acompanhando esse trabalho e creio que se os Srs. Vereadores autorizarem o Executivo para buscar recursos para solucionar o problema seria a melhor solução, pois tirando verba da pavimentação estarão prejudicando toda a Cidade e desrespeitando as pessoas que comparecem ao Orçamento Participativo que também são eleitores, mas que buscam uma solução dos seus problemas. Ao apoiarem essa Emenda estarão passando por cima do Orçamento Participativo, deslegitimando a organização popular e ferindo as mais verdadeiras manifestações e demonstrações de cidadania.

Não podemos deixar que a Tribuna Popular vire palco de armações contra a organização popular legítima, por picuinhas, por interesses de grupos, ou até mesmo de pessoas, que não simpatizam com o processo do Orçamento Participativo. Se querem uma proposta de lei, que regulamentem as Companhias de Telecomunicações para que respeitem as estruturas pluviais da Cidade, pois a galeria da Avenida São Pedro, tem um envelope de concreto atravessando a rede obstruindo-a e ninguém é o pai da criança.

Mantenha-se as demandas do Orçamento Participativo na sua integra, conforme definição de milhares de porto-alegrenses. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Sr.ª visitante, Dona Lídia Bischoff, Presidente da associação de Defesa da Comunidade do Bairro Farrapos, demais Vereadores, senhoras e senhores. Eu quero dizer que até hoje pela manhã não havia entendido a mecânica exata da reivindicação que desde sábado já tinha conhecimento, advinda do Bairro Farrapos. Mas, hoje, vendo a Emenda Popular que foi protocolada, retirando 2 milhões de reais, da Secretaria de Obras e Viação, num total de 3 milhões e 200 mil reais, entendi perfeitamente que é prioridade já consignada no Orçamento Participativo essa verba; essa obra está prevista.

Então, embora eu registre que ouvimos aqui a questão da Irmã do Colégio Santa Família, do Bairro São Geraldo, e nós Vereadores estamos sempre abertos às reivindicações, agora há uma nova realidade, uma nova ótica, porque teria que se respeitar o que já foi consignado para um bairro – como V. S.ª falou -, que está esperando e que teve participação ampla, a comunidade já se definiu. Agora, embora o direito da emenda popular, ela vai simplesmente retirar 2 milhões de reais de 3 milhões e 200 mil reais, e vai prejudicar toda a Cidade. A consignação destes 3 milhões e 200 mil reais, que está previsto e já consignado no Orçamento Participativo. Eu penso que desvestir um santo para vestir outro não é a melhor política.

O PDT está solidário com V. S.ª porque as situações já referidas legitimaram o processo. De nossa parte, queremo-nos solidarizar com o que V. S.ª acaba de comunicar, temos aqui a presença da comunidade, e em relação ao problema sobre o qual já me inteirei plenamente. É essa a nossa posição. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores; Sr.ª Dora Lídia Bischoff, é uma satisfação recebê-la aqui e dizer que esta Casa tem que ser muito sensível às reivindicações dos bairros. Os bairros, ao que me parece, estão-se movimentando. As suas associações não estão mais acreditando piamente no Orçamento Participativo. Estão-se movimentando fortemente para colocar emendas populares e, conseqüentemente, participar da vida ativa da nossa Cidade. Tenho uma proposta de Fórum Democrático Municipal que deve no ano que vem ter orçamento nesta Casa para que nós possamos debater esses problemas diretamente com os bairros; a senhora deu aqui uma demonstração da radiografia do seu bairro; das peculiaridades do seu bairro; dos problemas do seu bairro. E, portanto, é isso que a comunidade tem que reivindicar e esta Casa está e sempre estará sensível a essas demandas dos bairros.

Portanto, queira receber a solidariedade do Partido Trabalhista Brasileiro. Acredito que esse é o caminho certo: reivindicando, questionando, reclamando, para que nós tenhamos uma Porto Alegre melhor. Parece que está às mil maravilhas, mas tem muitos problemas. E esta Casa é muito sensível às reivindicações dos bairros. Obrigado pela sua presença aqui; conte com a nossa Bancada para o que pudermos contribuir nesse sentido. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação à Dona Dora, velha companheira de luta da região, e às lideranças que aqui se fazem presentes. Por longos anos, acompanhamos a luta dos moradores de todo o 4º Distrito, Navegantes, Vila Farrapos, e as suas grandes carências, principalmente os alagamentos permanentes, inclusive na própria Vila Farrapos, que algumas obras já melhoraram.

Acreditamos que as verbas já conquistadas devem ser mantidas. Primeiro, porque tem de ser respeitada a participação popular – esse é um dos grandes avanços de Porto Alegre. Claro que existem mil e uma demandas, mas é preciso que essa seleção seja feita pela própria comunidade. Este é o primeiro ponto. Segundo, porque acreditamos que tão carente de obras, inclusive de saneamento, quanto o 4º Distrito, é a própria região do Navegantes. Estamos acostumados a ver inundações na antiga Vila Esperança, hoje Vila Pampa e a Vila Tecnológica, e esse problema precisa ser sanado. Parece-me, inclusive, que o Governo Municipal aponta para a busca de recursos internacionais para as obras do 4º Distrito. Tanto que já fizemos uma reunião nesta Casa e estamos programando, para o dia 20 de novembro, uma reunião para discutirmos a problemática no seu todo. Já convidamos a Comissão, a comunidade e os conselheiros do Orçamento Participativo; oportunamente, enviaremos o convite por escrito.

Portanto, a nossa solidariedade, no sentido de que sejam mantidas as demandas aprovadas – inclusive participamos das assembléias que decidiram isso - e nos colocamos à disposição para buscar mais recursos para complementar, se preciso, as necessidades do conjunto da região. Um grande abraço! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.ª Dora Lídia Bischoff, Presidenta da Associação de Defesa da Comunidade do Bairro Farrapos, como disse o Ver. Cassiá Carpes, do PTB, as associações começam realmente a participar e reivindicar. Como disse o Ver. Nereu D’Avila já se tem agora um outro ângulo da questão. Em nome do PHS quero dizer que tenho minhas dúvidas sobre a forma como funciona o Orçamento Participativo; quais critérios são utilizados para o atendimento das prioridades dadas pelo Orçamento Participativo, já que não é um artifício que toda a Câmara Municipal pode usar, mas, sim, apenas o Partido dos Trabalhadores.

Eu quero deixar claro para a Sr.ª Dora Lídia e para toda sua Associação que, no que depender de nós, pelo Orçamento Participativo ou não, existe a necessidade de que os problemas sejam resolvidos e não sendo empurrados, protelados, e buscando, como disse o Ver. Raul Carrion, verbas internacionais. Criticam tanto o Governo Federal e buscam verbas internacionais para resolver os problemas de Porto Alegre. Vamos colocar no Orçamento do ano que vem, vamos brigar nesta Câmara Municipal para que toda aquela região que a senhora defende, o Bairro Farrapos, todas as vilas, que todos os seus problemas possam ser solucionados de verdade, e não apenas com discursos nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra nos ternos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Dona Dora Bischoff, Presidenta da Associação do Bairro Farrapos. Nós aprendemos todos os dias, e hoje aprendi mais um pouco. Conheço muito bem a Vila Farrapos; quando Prefeito mandei fazer a regularização da Vila. O que aprendi hoje é que depende de quem está sentado lá atrás o discurso acontece aqui. A Escola Santa Família vinha aqui reclamar - como reclamou reiteradas vezes - ao Prefeito, ao Diretor do DEP, aos Vereadores, a falta de pluvial no bairro São Geraldo. Todos nós, sem exceção, entendíamos que era necessário fazer o atendimento naquele Bairro, tanto que há uma emenda na Lei de Diretrizes Orçamentárias nesse sentido.

Hoje o discurso mudou. Quero dizer a Dona Dora Bischoff, que a Prefeitura pode resolver o problema da Vila Farrapos e pode resolver o problema do Bairro São Geraldo, porque tem recursos para isso. O que eu não consigo entender é que a Prefeitura faça o Orçamento Participativo, mas eu acho às vezes que é um “orçamento enganativo” para enganar as pessoas, tanto no Bairro São Geraldo quanto no Bairro Farrapos, para depois chegar aqui e dizer que não tem.

O que não consigo entender mesmo, e isso não vou aprender, é que o DEP, que precisa fazer o combate do alagamento nesta Cidade, em vez de aumentar a sua verba, ela diminuiu de 18 para 13 milhões de reais, mas tem 346 mil reais para fazer publicidade. Ora quem vai fazer publicidade deixa a Cidade alagada? A “Cidade Viva” deveria socorrer a Cidade alagada, assim, teríamos ruas pavimentadas sem enganar ninguém e a Cidade menos alagada, desde que se fizesse as obras.

Portanto, o que a senhora coloca é essencial, é sério, estão precisando. O Bairro Farrapos está lá há 37 anos e o outro tem 100 anos, mas não faz diferença, todos são cidadãos porto-alegrenses e precisa-se resolver o problema. A Prefeitura tem um orçamento muito bom que dá para resolver o problema sim, tanto do Bairro Farrapos quanto do Bairro São Geraldo. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, gostaria de cumprimentar a Sr.ª Dora Lídia Bischoff, Presidenta da Associação de Defesa da Comunidade do Bairro Farrapos. É necessário que se esclareça, aqui, que nossa Prefeitura só tem, hoje, um orçamento enxuto - que é uma referência para todo o País - é graças à população de Porto Alegre. Pessoas como a senhora que, por meio do Orçamento Participativo, fiscalizam e fazem cumprir aquilo que as comunidades organizadas e movimentos sociais colocam em prática, porque sabem e conhecem o que a nossa Cidade precisa.

É preciso que se diga e que se esclareça à população que está nos ouvindo em casa, que, somente quem está fora do mundo, que só tem a telinha, o microfone, não conhece, realmente, a necessidade da população, até porque, geralmente, só vão ao encontro dessa população em época de eleições e usam, às vezes, o seu poder de barganha de estar aqui, nesta Casa, para alterar a destinação. Quem fez esta Emenda tem que dizer, e foi a oposição desta Casa, que desveste um santo para vestir outro. E quero dizer mais, o princípio da solidariedade é uma reivindicação democrática. Nós não concordamos como método, que exclui as pessoas que sempre foram excluídas e privilegia algumas que têm algum status quo, como é o caso da Irmã que vem da Vila São Geraldo. Quero dizer que é justa a reivindicação deles, mas descordo no método; ela fere um princípio de solidariedade franciscana e não busca nos irmãos a inclusão na sociedade para que ela tenha essas questões garantidas.

O princípio da liberdade ficou claro e estabelecido no seu discurso que mostra a autonomia que tem. Somente aqueles que não conhecem a realidade ou estão longe de suas bases desconhecem que todos os partidos e segmentos sociais estão representados. A senhora está aqui representado um movimento que tem, no cerne da sua concepção: a democracia. Parabéns, mais uma vez, às mulheres que estão à frente desta luta. Muito obrigada.

 

(Revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; Sr.ª Lídia Bischoff, Presidenta da Associação de Defesa da Comunidade do Bairro Farrapos, ouvindo, atentamente, as manifestações que se sucedem à sua intervenção, é natural que registremos o desejo, não escondido de todos aqui, de contribuir para que se equacione aquela situação do Bairro Farrapos, que foi há muito tempo constatada aqui na Casa.

Eu não gosto de utilizar essas situações para tirar delas dividendos políticos. Eu penso que os problemas populares se sobrepõem a qualquer uma divisão que eventualmente se possa ter com relação ao enfoque que se dá na forma de dirigir a Cidade, tanto que eu me disponho, tanto quanto possível, contribuir para a equação desse assunto. Se preciso for irei até o Orçamento Participativo. Não acredito nele mas se preciso faço isso. Tenho muito apreço pelo Bairro Farrapos, desde seu nascedouro, foi o primeiro conjunto habitacional construído no Brasil sob a égide do Banco Nacional de Habitação, com alguns problemas crônicos, que eu até acredito decorrentes da pressa com que ele foi construído e que, lamentavelmente, viraram novela.

O Ver. João Dib, que já foi Prefeito da Cidade, se lembra que, no seu período - eu era o seu Diretor-Geral do DEMHAB - se diligenciou na regularização jurídica daqueles imóveis, que eram irregulares até aquele momento. Na ocasião, fizeram-se tratativas com o Governo do Estado, responsável pela construção do Conjunto Castelo Branco, para que fossem realizadas algumas tarefas que eram indispensáveis àquela área. Lamentavelmente, vem ano, passa ano, e a coisa vai fazendo aniversário. Se para cada um dos discursos que ouvi em favor da Vila Farrapos, fossem colocados 100 reais no Orçamento do Município em favor do equacionamento do saneamento básico da Vila Farrapos, o problema estaria resolvido. Por isso, não perca a esperança, que eu também não vou perder. Vamos continuar na luta, que um dia vai-se encontrar a solução. O máximo que eu lhe posso pedir nesta hora, Sr.ª Presidenta, é que a senhora tenha mais paciência do que teve até agora. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Prezada Presidenta, Sr.ª Dora Lídia Bischoff, ouvimos as diversas Bancadas aqui presentes e é importante que as associações, as diversas comunidades, dentro dessa oportunidade, utilizem realmente a Tribuna Popular, para viver no dia a dia com o contraditório. É importante, porque recentemente veio uma comunidade fazer uma reivindicação e hoje a comunidade dos senhores e das senhoras do Bairro Farrapos, vem rebater a solicitação, ou seja, ambos querem um benefício, mas disputam a mesma verba sob outro olhar.

É importante que esta Casa, tenha a visão dos 33 Vereadores, até o dia 30 de novembro, data limite, para discutir e aprovar o Orçamento.

Então, Dona Dora Lídia Bischoff, receba em nome da Casa nossa saudação, nosso carinho e apreço e retorne tantas vezes quanto a comunidade julgar necessário.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h48min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 14h 50min): Estão reabertos os trabalhos. Uma orientação de ordem técnica: a segunda chamada foi feita nominalmente no livro. Então, somente se um Vereador solicitar a verificação de quórum é que faremos nova chamada.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu estou vendo que estão registrando a presença aquelas pessoas que chegaram ao Plenário agora. Pergunto a V. Ex.ª, aqueles que já estavam na abertura dos trabalhos também têm que registrar a presença?

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Tem. Então, vamos efetuar - já que o Ver. Reginaldo Pujol está solicitando - uma verificação de quórum, eu acho que facilita. Vamos solicitar que os terminais sejam liberados para chamada.

Havendo quórum passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, funcionários, telespectadores do Canal 16, distintos cidadãos e cidadãs que acompanham esta Sessão. A coincidência fez com que eu estivesse inscrito no período de Comunicações nesta semana, após a histórica decisão do Desembargador Araken de Assis, nobre Relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade que a Prefeitura ingressou no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, e obteve decisão liminar, que suspendeu do art. 1º da Lei Complementar nº 466/01 que criou o Fundo Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Porto Alegre regime próprio da previdência social dos servidores públicos do município de Porto Alegre - o Fundo Previdenciário, e que criou a Autarquia, por intermédio de uma Emenda, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, aprovada nesta Casa e assinada por 14 Vereadores - a expressão “ad referendum dos funcionários públicos efetivos municipais ativos e inativos.”

Em decisão, no dia 26 de outubro, o Desembargador Araken de Assis extraiu, tirou a vigência dessa expressão do art. 1º Não é interesse nesta manifestação fazer qualquer tipo de júbilo ou de tripudiar ou de fazer qualquer tipo de alegação mesquinha. Na verdade, eu quero resgatar e tratar com esta Casa e com aqueles que nos ouvem dos argumentos, exaustivamente, expressos aqui nesta tribuna sobre o referendum . Os que se recordam - tivemos aqui um teste, porque éramos acusados de incoerentes, afinal é democrático consultar, de fato é. A Constituição prevê o referendum e o plebiscito, mas diz que é de todo povo. São vários elementos que nós aqui sustentamos, que agora vemos numa medida liminar, ainda pendente de decisão final de mérito, dessa Ação Direta de Inconstitucionalidade, a questões que nós levantávamos. Primeiro: a previdência não é uma questão que diz respeito só aos funcionários públicos. Pagam todos os cidadãos.

Portanto, no mínimo, a cidade de Porto Alegre deveria ser consultada. Digo isto para efeito de argumentação, porque eu não creio que seja válido, legal e constitucional, pois a iniciativa para tratar das questões da despesa pública e da previdência é prerrogativa do Sr. Prefeito. E não se pode pegar a prerrogativa do Sr. Prefeito e depois submeter a lei, obrigatória, sob referendum. Terceiro aspecto, ela batia frontalmente contra a Constituição Federal, contra a Constituição Estadual e contra as Leis que regularam, depois, a Lei nº 9.709. Sobejamente, isso aqui foi dito.

Mas havia uma decisão política da Casa, no entanto, Ver. Elói Guimarães, é legítima a decisão do Juiz Araken de Assis sobre a questão do referendum. Se quiséssemos entrar em outras mecânicas, a questão da necessidade do Decreto Legislativo contar com o apoio de 22 Vereadores, a Emenda tinha 14, era um leque, um mosaico de questões que nos levam, Sr. Presidente, a refletir nesta Casa, quantas vezes, Ver. Haroldo de Souza, temos vontade políticas de modificar, buscar prerrogativas, mas nos batemos contra o texto da Lei, e não pode, pelo comando maior constitucional, uma Casa, por mais bem intencionada que seja, discutir aquilo que a Constituição determina em nome de todos na representação nacional.

Por isso, Sr. Presidente, eu concluo dizendo que, no nosso ponto de vista, esse é um passo decisivo para a histórica posição que tomou esta Casa quando determinou que a previdência seria pública, gerida pelos servidores e pela população de Porto Alegre e aberta ao controle do Tribunal de Contas e desta Casa Legislativa e que teve como Relator ninguém menos do que o nobre e eminente Líder do PPB, Ver. João Antonio Dib. E, agora, Sr. Presidente, aqui encontramos a decisão liminar do Poder Judiciário do Estado, que deu guarida às nossas teses. Teses que não eram fugidias, escapadiças, para definir o debate ou para preservar o interesse de “a” ou de “b”, mas para fazer valer aqui, o patrimônio que é de todos, da cidade de Porto Alegre e dos servidores que contribuem diretamente para sua previdência.

Por isso, achamos importante, Sr. Presidente, que fique registrado nos Anais desta Casa, não só a Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido de Liminar da lavra dos ilustres Procuradores Dr. Rogério Favreto e Dr. Gustavo Nygaard, homens de excelência e de competência que ilustraram com essa Peça o seu saber que levaram à vitória nessa primeira medida, mas, também e a decisão do juiz Araken de Assis. Peço que ambos sejam colocados nas Atas e nos Anais da Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Vou ler uma mensagem: (Lê.) “A vida é um convite, é um convite permanente para sonhar, para lutar e para vencer. Esse é o convite que se renova para você neste dia.”

Esta mensagem está assinada pelo Presidente desta Casa, em nome dos demais Vereadores, dirigida ao nobre colega Ver. Nereu D’Avila, que estava de aniversário no dia de ontem. O nosso abraço. Muitas felicidades. (Palmas.)

O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Haroldo de Souza.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, agradeço a homenagem singela desta Casa, que muito me tocou, em relação à data de ontem, 28 de outubro, em que estive aniversariando. Quero-me reportar ao discurso do nobre Líder do PT, Ver. Estilac Xavier. Aliás, é a segunda vez que eu estranho essas manifestações. A primeira foi com o inusitado foguetório na frente desta Casa, que, aliás, não sei se é uma iniciativa eticamente plausível, porque, nesta Casa, estão representadas 13 Bancadas, ou seja, são 13 diferentes pensamentos político-ideológicos, que representam quase um milhão de eleitores e quase um milhão e meio de habitantes representados, aqui, pelas diversas correntes políticas. Se, cada pequena vitória ou parcial vitória, porque, no caso, é uma liminar, de algum Partido, ou alguma facção, for comemorada na frente da Câmara com foguetório, imaginem no que se transformará a instituição. Acho que poder-se-ia fazer a comemoração na sede do Partido, aliás, comprada com o dinheiro que ainda está em ebulição na CPI ou em outro local. Aqui, na Casa, eu acho que deve haver mais respeito.

A questão da liminar tem dois ângulos: o ângulo jurídico e o político. No ângulo jurídico, para aqueles que certamente nos assistem através da televisão, há que se informar o que é uma questão jurídica, muitas pessoas não têm intimidade com essas questões. Uma liminar, ou seja, uma preliminar de decisão lastreada, somente na visão de uma parte, do nobre Procurador, e o outro que também formulou a pretensão da liminar que foi concedida, mas agora é que vão ser dadas as informações e vão ser contestadas algumas questões certamente que foram carreadas aos autos. Agora, a Câmara Municipal terá participação nesse processo, porque poderá ela também argumentar. É uma questão jurídica não resolvida, uma liminar. É importante, pode ser, é claro, acho que não tão importante para tamanho estardalhaço na frente da Câmara, mas, se fosse longe da Câmara, eu nem falaria, porque cada um comemora o que bem lhe aprouver.

Essa é a questão jurídica, ela é parcial. Respeito, até como advogado, como cidadão, a decisão da Justiça deve ser acatada, deve ser executada nós respeitamos. Agora, no caso em tela, ela é parcial, é uma liminar, uma primeira medida, o mérito da questão, o fundo da questão vai ser julgado após os autos serem recheados com todas as informações dos dois lados. A segunda questão é política, por quê? É estranho que se lance foguete, é a primeira vez que eu vejo o Partido dos Trabalhadores lançar foguete contra o referendo, contra uma participação popular. O que diz o nobre Líder do PT na tribuna: “Porque tinha que ser consultada toda a população.” Essa é uma questão secundária, porque o Partido dos Trabalhadores fez foi impugnar o próprio referendo, e o voto em separado, brilhante, de 15 páginas, do Vereador José Fortunati, que ainda estava no PT, naquela época, ele consignou, e está nos Anais desta Casa, por escrito, que no Banco do Brasil, ao qual ele pertencia na ocasião o número de 25 mil funcionários foram consultados para o PREVI, a Previdência dos Funcionários. Então, há antecedentes. Agora disse o nobre Líder que toda a população...Ora, muitas pessoas, que hoje irão assistir a este nosso debate, nem sabem sobre previdência, sobre o quanto descontam e aí ele não sabe por que está sendo consultado. A quem interessa é quem paga a conta, as pensionistas, a quem agora vai ser denegado empréstimos, as questões agora vão ser de outro teor. A questão política de fundo é que foi lamentável a decisão política da Bancada do Partido dos Trabalhadores, porque ela, como Bancada, e foi publicada a foto no “Correio do Povo”, largou foguetes por uma decisão a favor do povo para que se manifestasse, diretamente, no referendo. O mais estranho é que, em uma Cidade que se proclama que é a Cidade da participação popular, por intermédio do Orçamento Participativo e de outras formas da sociedade se manifestar, se lance foguetes contra a manifestação popular, embora parcial, mas legítima. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Humberto Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HUMBERTO GOULART: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há oito anos, o Ministério da Saúde instituiu no Brasil um programa de médicos comunitários chamado Programa de Saúde da Família. Temos de saber, V. Ex.as precisam saber como isso está ocorrendo entre nós.

O que é o Programa de Saúde da Família? É aquela descoberta de que verdades em Medicina são temporárias; é aquela descoberta da importância do ser humano como humano, não como máquina ou como número, ou seja, em determinada comunidade, um médico público assenta-se, e dentro de uma equipe multidisciplinar, onde não existem grandes variabilidades multidisciplinares - no sentido de que há uma psicóloga, um dentista, enfermeiras e os valorosos agentes comunitários – que cuidam de gente da comunidade. Melhora a prevenção da saúde das pessoas, são chamadas à prevenção pessoas que podem estar um pouco desatentas; resolve-se os problemas primários de saúde e, muito bem. A comunidade se sente muito segura, pois está vacinada, pois tem o preventivo de câncer, tem o pré-natal, tem o preventivo de próstata, enfim, estão assegurados.

Onde isso teve um grande impacto? No Nordeste, onde as distâncias são muito grandes entre as cidades que têm médicos, onde a característica econômica não permite um grande desenvolvimento. Não é como aqui em Porto Alegre, que é uma Cidade do País onde existe o maior número de médicos por metro quadrado, não é nem por quilômetro. Lá, há carência de médicos. Então, este sistema floriu naquela região e, hoje, Sergipe e Paraíba têm 58% da população cuidada por esse tipo de médico, que é o médico comunitário do Programa Saúde da Família.

Santa Catarina também, não sei bem porque é diferente a característica econômica dessa parte do Sul do Brasil. Tem 37% da população cuidada por médico de saúde. E é bom. E como é que nós estamos aqui? Só 7% da população é coberta pelo Sistema de Saúde da Família. Aí, eu dizia: “Falta de planejamento”. Outro dia, aqui, fui corrigido por uma autoridade de saúde: “Não é falta de planejamento, é falta de uma estratégia.” Só 7%.

Então, do que se aproveita o Governo Federal? Ele se aproveita disso. Eu não estou achando que o Governo Federal é muito bonzinho, não, ele se aproveita disso e passa a residência do Programa de Saúde de Família do Hospital Conceição de 18 médicos para 58 médicos. Como é que o Hospital Conceição faz? Oferece 40 residentes em Programa de Saúde de Família, ou seja, médicos comunitários, para dizer que aí estão os médicos à disposição de uma estratégia de cuidar de gente. E o Hospital Conceição faz isso porque ele é autoridade nisso. Cento e vinte mil pessoas da Zona Norte são cuidadas pelo Programa de Médico Comunitário do Hospital Conceição, que tem uma rede interligada de computadores entre os consultórios, entre os laboratórios de exame e entre os hospitais – como queremos que aconteça em toda a Cidade. O Hospital Conceição está apto porque foi lá que se fez a primeira experiência em Medicina de Saúde Comunitária para que o Ministério da Saúde adiantasse isso pelo resto do Brasil.

Para concluir, a filosofia do SUS diz que todas as pessoas têm de ter o mesmo direito, acesso à saúde, à qualidade de saúde – são os princípios fundamentais do SUS. E eu deveria ser contra o serviço comunitário do Conceição, que só é bom para parte da população de Porto Alegre. Mas eu não posso ser contra o que é bom, que é o Serviço Comunitário de Saúde de Porto Alegre. Eu posso ingressar na Justiça dizendo que estão dando mais qualidade de saúde para uma parte da população de Porto Alegre? Não. Eu tenho de convidar a outra parte da população de Porto Alegre para que possam se submeter, se apoderarem do Programa de Saúde da Família.

O assunto da referência secundária e especialistas é para outro momento. Eu penso que o próprio Hospital Conceição, mesmo tendo um bom programa primário, não consegue resolver: os especialistas que o salvam. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu sou um homem tranqüilo, não me preocupo com as pessoas que estejam presentes nas galerias, não me preocupo com o que vão pensar em razão daquilo que eu digo. Eu tenho as minhas posições, eu estudo. Por isso que, quando estava presente aqui a Associação dos Moradores do Bairro Farrapos, eu dizia da minha estranheza com relação aos pronunciamentos quando estava a Escola Santa Família e quando estava a Associação do Bairro Farrapos. Eu acho que os dois problemas podem ser resolvidos. Agora eu acho que o Vereador tem que ter posições. E se eu acho que os dois problemas podem ser resolvidos é porque eu analiso a proposta orçamentária, e o Dr. Eduardo Utzig, pela primeira vez, falhou em relação à publicação, no Diário Oficial do Município, do balancete da Prefeitura até o 28º dia do mês anterior. Ele deveria, até o dia 28, que foi domingo, ter colocado o balancete do mês de setembro; não o fez no dia 26, que deveria ser o correto, mas também não o fez no dia 29. Pela primeira vez ele falha e eu lhe chamo a atenção neste momento.

Por que eu disse que a Prefeitura pode resolver os dois problemas, tanto o da Santa Família quanto o do Bairro Farrapos? É porque ela tem dinheiro, só por isso. Se ela não tivesse dinheiro seria eu o primeiro a defendê-la: “Não tem dinheiro!” Então eu examino o balancete até o dia 30 de setembro, ainda que ele não tenha colocado no Diário Oficial, mas vai colocar amanhã com certeza.

Eu começo olhando que, no ano de 2000, a Prefeitura arrecadou em receitas correntes, 1 bilhão e 20 milhões de reais em números redondos. Propôs para o ano de 2001 menos do que arrecadou em 2000: propôs 1 bilhão, 17 milhões e 500 mil reais, ou seja, 2 milhões e 500 mil reais a menos do que aquilo que havia arrecadado. Esses 2 milhões e meio já dariam para resolver o problema do Bairro Farrapos e mais o problema do Bairro São Geraldo. Mas, para este ano, a Prefeitura vai arrecadar 1 bilhão e 150 milhões de reais, no mínimo, e estava propondo 1 bilhão e 17 milhões e meio; a diferença são 132 milhões e meio. É o que está propondo.

Agora, para o ano de 2002, propõe 1 bilhão e 179 milhões de reais. É um acréscimo, adiantaram um pouco com relação aos anos anteriores, mas tenho que analisar que algumas coisas estão ocorrendo aqui, por exemplo: Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza, este ano estão previstos 139 milhões e 950 mil reais; já arrecadaram 118 milhões e meio, faltam três meses e nesses três meses a arrecadação cresce. O Fundo de Participação dos Municípios, previsão: 27 milhões, já arrecadaram 33 milhões e 400 mil reais, e faltam três meses de governo. Vão arrecadar, mês a mês, mais um pouco. Imposto de Renda na Fonte. Proposição: 24 milhões e 270 já arrecadaram 6 milhões e 100 mil reais a mais, arrecadaram 30 bilhões e 378 milhões de reais. O ICMS, proposição: 159 milhões e 700 mil reais. Em nove meses já arrecadaram 158 milhões e 600, portanto, falta somente 1 milhão e 100 mil reais e, ainda tem três meses, e, em novembro e dezembro, o ICMS cresce. Quanto ao IPVA: 44 milhões de reais; já arrecadaram 58 milhões e 500 mil reais e faltam três meses! Arrecadaram, até agora, 14 milhões de reais a mais do que o previsto, e por aí vai.

Então, nós na Prefeitura, temos condições necessárias para resolver o problema do DEP, porque a proposta orçamentária do Município, na Administração Centralizada, tem um superávit de 108 milhões de reais. Eu sei que vão transferir dinheiro para as autarquias, mas há 108 milhões de superávit, sem contar o acréscimo que deve acontecer na receita que eles não contam, como está provado aqui. Por exemplo, no ano passado deu 132 milhões a mais do que foi previsto, e este ano deve dar bastante mais do que aquilo previsto para o início do ano, em matéria de receitas correntes. Então, sobra dinheiro na Prefeitura!

Vamos usá-los em benefício da comunidade, que paga impostos, e não apenas vamos cobrar mais impostos. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra em Comunicações. Ausente, momentaneamente. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou a Lei de Previdência Municipal , e aprovou a constituição de uma autarquia para administrar o Fundo de Previdência dos Municipários, mas desejou que os interessados diretamente no assunto, os municipários, colocassem a sua opinião sobre se autarquia é a melhor instituição para administrar esse Fundo; se é uma outra entidade, se é uma fundação, se a própria Prefeitura poderia administrar diretamente o Fundo; então, nós achamos mais adequado consultar os funcionários a respeito, se querem ou não uma autarquia. E aí nós usamos a figura jurídica do referendo, ou seja: valeria a lei se fosse referendada pelos funcionários. E aí o nosso equívoco, colocamos a palavra referendo, que tem uma legislação específica desde a Constituição Federal.

Mas o que a Câmara queria mesmo - e quer politicamente, como disse o Ver. Nereu D’Avila - é que os funcionários sejam ouvidos, que se fizesse uma consulta popular aos funcionários. Foi isso o que a Câmara fez e aprovou. A Câmara. O Executivo achou por bem vetar esta parte do referendo, porque se baseou estritamente no jurídico e não no político, como diz o Ver. Nereu D’Avila. O Prefeito entrou na Justiça contra uma Lei aprovada pela Câmara de Vereadores, outro Poder, o Legislativo, e o Juiz deu uma liminar, e aí colegas nossos, nossos Vereadores foram festejar com foguetes uma decisão do Juiz contra a Câmara Municipal, que havia aprovado a matéria.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para frisar que a Lei não tem origem na Câmara e é sim de iniciativa privativa do Prefeito. A Câmara deu o aprimoramento técnico e político, só isso.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito bem, a Lei pode ser de iniciativa do Prefeito, mas nós a aperfeiçoamos, com o trabalho exaustivo do Ver. João Antonio Dib, perfeito, adequado, profundo e que só merece nossos cumprimentos. Nós melhoramos a Lei, que foi muito malfeita, efetivamente, malfeita. Nós a aperfeiçoamos. Mas Vereadores foguetearam contra a decisão da sua instituição; da sua Câmara de Vereadores - isso é que eu acho estranho – e, no meu entendimento, contra uma iniciativa da Câmara em favor da consulta popular, da consulta aos funcionários.

Há pouco estiveram aqui todas as lideranças; os funcionários, os cargos de confiança do Orçamento Participativo. Então, vejam, senhoras e senhores, aqueles foguetes foram efetivamente a queda da máscara da iniciativa popular em Porto Alegre. Deixaram bem claro que o PT só quer participação popular quando lhe interessa. Agora, vetou a participação dos funcionários, por quê? Porque tem medo de perder, Ver. Pedro Américo Leal. E por que tem medo? Porque em 1995 o então Prefeito Tarso Genro retirou do bolso dos funcionários uma parcela já ganha, já decidida; ele mudou o índice de correção. O assunto está desde 1995 em pendência judicial, contra os funcionários; retirou do bolso dos funcionários que hoje, segundo consta, está mais do que 27%.

O Correio do Povo fala bem claro: Prefeitura desconta e gera protesto – Prefeitura desconta e gera protesto! Estão descontando um valor maior do que os 60% que é limitado pelo Estatuto do Funcionário. E é claro, alguns funcionários estavam recebendo salário zero!

A Prefeitura não dá solução há mais de 5 anos para o reajuste do vale-refeição. A Prefeitura tem medo de perder porque trata mal os seus funcionários. Isso é triste, e ainda mais os Vereadores fogueteando contra a iniciativa popular. Caiu a máscara, caiu o Orçamento Participativo! Faliu! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Carlos Nedel tem um estranho conceito de democracia. O Vereador vem aqui cobrar que nós não estamos coerentes com a prática do Orçamento Participativo. No entanto, é importante que V. Ex.ª diga, que demonstre - nós, aqui em Porto Alegre, que temos treze anos de experiência de gestão pública com participação popular – que exiba, eu faço este desafio ao Ver. João Carlos Nedel, no sentido de que exiba onde é que o seu Partido governa uma gestão participativa e com a população definindo e tendo condições efetivas de fiscalizar. Porque é muito fácil virmos a esta tribuna, é muito fácil fazermos a crítica, mas o que interessa, Vereador, é a nossa prática quando somos governo. E a nossa prática é aqui em Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul...

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte?

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Eu não vou-lhe conceder aparte, Ver. João Carlos Nedel, porque V. Ex.ª também não concedeu aparte a um Vereador da nossa Bancada, e porque eu tenho pouco tempo para falar de um assunto que exige bastante tempo de intervenção. V. Ex.ª me desculpe, mas desta vez não vou-lhe conceder aparte. V. Ex.ª terá oportunidade de vir a esta tribuna e dizer onde é que o seu Partido governa com democracia, onde é que tem uma experiência de gestão participativa.

Nós, há treze anos, temos uma experiência aqui que se tornou referência internacional. E, recentemente, temos isso, também, no Estado do Rio Grande do Sul.

Quero dizer também que na sexta-feira, juntamente com outros Vereadores da nossa Bancada, do Partido dos Trabalhadores, fizemos uma festa; Sim. Sou uma dos fogueteiros, Ver. João Carlos Nedel, porque os foguetes que soltamos na frente da Câmara de Vereadores foi para festejar a boa aplicação dos recursos públicos, porque foi isso que nós ganhamos. Foi para festejar que, enfim, temos nesta Cidade um sistema próprio de Previdência, que pode ser fiscalizado publicamente, porque isto não acontecia. O que estava acontecendo é que o dinheiro público era gasto sem que esta Casa, sem que o Governo e sem que os funcionários pudessem fiscalizar a sua aprovação. Nós, no ano passado, tivemos uma CPI nesta Casa em relação aos recursos públicos que o Montepio gerencia - e dos quais não presta conta - e a CPI levantou uma série de irregularidades, mas ela não pôde ir até o fim, porque foi embargada pela Justiça, pelo dirigente do Montepio, que não teve coragem de vir depor aqui na CPI.

 Podia sim! Foi chamado, poderia ter esclarecido, se é que tem alguma coisa a esclarecer, mas não veio. Veio aqui com o oficial de justiça para tentar impugnar o trabalho que esta Câmara fazia de investigação dos gastos dos recursos públicos.

Nós festejamos, sim. Festejamos, porque sabemos que esse espírito de festa, esse espírito de congratulação está de acordo com o que a maioria dos funcionários desta Cidade está sentindo. Primeiro, porque as pensionistas, a partir de então, passaram a ganhar 100% das pensões; em segundo lugar, porque agora há um sistema próprio de previdência, que pode ser fiscalizado pelos funcionários, pela Casa e pelo Município.

Quanto à questão da democracia, é muito bom que fique claro que o referendo do qual essa Emenda que foi vetada tratava, não era um referendo que dava o poder para a população de Porto Alegre decidir qualquer coisa; ele não ouvia a população, não ouvia o contribuinte desta Cidade, não ouvia o cidadão, não fazia consulta ao cidadão e à cidadã da Cidade que são chamados a participar, através do Orçamento Participativo e dos diversos conselhos que temos. Era um referendo em que só decidiriam os funcionários públicos municipais. Nós tivemos o entendimento de que isso é ilegal e foi isso que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul referendou; foi isso que o Tribunal de Justiça deixou muito claro na limitar do Desembargador Araken, na sexta-feira, de que quem tem de decidir sobre essa questão é o povo de Porto Alegre e não apenas os funcionários, mas o povo, que é o contribuinte. É isso que a Lei diz.

Portanto, a Emenda que foi feita aqui e que foi vetada pelo Executivo, foi vetada de forma muito acertada, e isso não afeta em coisa nenhuma, Ver. João Carlos Nedel, a experiência democrática que nesta Cidade se desenvolve.

O que nós fazemos aqui, quando vetamos, é a afirmação da democracia na gestão publica em Porto Alegre onde o povo todo tem de ser chamado a opinar, quando tem amparo legal para isso, e quando faz parte da cultura política que nesta Cidade há 13 anos se desenvolve, ao contrário da experiência de governo que o seu Partido sustenta no Congresso Nacional, que é o Governo de Fernando Henrique Cardoso, que é uma coisa completamente antipopular, tanto no mérito das políticas como do ponto de vista da relação que estabelece com a sociedade.

Portanto, vamos ser sérios nesta tribuna. Nós festejamos porque Porto Alegre está de parabéns. O funcionário público municipal está de parabéns, porque, agora, tem o sistema próprio de previdência e essa questão vai ser moralizada. O que nós estamos fazendo é um processo de moralização da gestão pública e dos investimentos públicos na nossa Cidade. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, eu não acredito no Orçamento Participativo na Cidade de Porto Alegre instrumentalizado e tutelado pelo Partido dos Trabalhadores à frente do Governo Municipal de Porto Alegre. Repito: eu não acredito no Orçamento Participativo na Cidade de Porto Alegre instrumentalizado e tutelado pelo Partido dos Trabalhadores à frente do Governo Municipal de Porto Alegre.

Quero deixar, aqui, registrado que a forma como o PT e o Governo Municipal instrumentalizam o Orçamento Participativo tem por objetivo a eliminação das organizações comunitárias e das lideranças comunitárias organizadas. Quem as organizam é o Movimento Popular, que são: as associações comunitárias e de vilas, os clubes de mães, a UAMPA, que tem, permanentemente, questionado o Governo Municipal. Essas estruturas organizadas têm sido esvaziadas, assim como este Legislativo Municipal.

Isso não quer dizer que nós nos coloquemos contra o Orçamento Participativo, mas nós queremos outros critérios para sua estruturação. Ele é estatal, ele é engessador, ele é autoritário e é muito mais coisa do que se possa imaginar, porque ele tem a sua central de comando no gabinete do Prefeito Municipal, que ora não está no Paço Montevidéu por força de reformas e se encontra na Rua Uruguai, no edifício Comendador Azevedo.

Eu penso que as Bancadas de oposição têm que construir, em conjunto, coletivamente, uma alternativa para dizer basta a essa instrumentalização, a essa tutela do poder político da Cidade de Porto Alegre. Aliás, não é novidade. A relação direta governo/sociedade, ignorando partidos políticos, associações comunitárias, todas as formas populares de organização, indo o governo na relação direta com os cidadãos, tem três regimes. Um deles é o antigo regime autoritário e ditatorial do velho Salazar, em Portugal, que extinguia os partidos políticos e estabelecia uma relação direta com a sociedade. Depois, na Líbia, com o Presidente Kadaf, onde também não existem partidos políticos - só existe o partido do próprio governante, um partido único - há uma relação direta de consulta ao cidadão. E eles dizem que é uma democracia.

Então, dois regimes autoritários, despóticos, um ainda existindo, outro, hoje, felizmente, arredado pela modernidade, pela democracia, pela liberdade, pelo socialismo com liberdade, com democracia, e que estabeleceu uma nova relação por um Portugal moderno, integrado a uma Europa moderna, ao Ocidente moderno.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu lhe concedo o aparte, Vereador. Com muito prazer, eu o ofereço a V. Ex.ª, porque sei que vai enriquecer as idéias, mesmo antepondo-se àquelas que este Vereador expôs.

 

O Sr. Estilac Xavier: Serei breve, porque sei que este aparte consome o seu tempo. V. Ex.ª faz uma digressão sobre ciência e história políticas, mas quero lembrar a V. Ex.ª que, há pouco, nós havíamos discutido com o Ver. João Carlos Nedel sobre a questão do plebiscito e do referendo. V. Ex.ª faz referência a Salazar e a Kadaf. Quero lembrar que os instrumentos de consulta popular da ordem, como está-se propondo aqui, também pode ser tão totalitário quanto outro, depende da boa vontade política e do grau de qualidade das participações. E o Orçamento Participativo tem essa pluralidade.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Para concluir, quero dizer para V. Ex.ª que num regime democrático, referendo, consulta popular é sempre positivo. Pode, às vezes, até ser ajurídico e ferir o ordenamento jurídico, mas é sempre positivo e construtivo.

Vereador, vamos regulamentar o Orçamento Participativo. Basta de autoritarismo, basta de tutela, porque leva a distorções terríveis como essas a que recentemente estamos assistindo aqui no nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós todos estamos perplexos. O Rio Grande está assustado. “Faça como eles, invista em cidadania. Clube de Seguros da Cidadania. Uma parceria pela qualidade de vida.” Os jornais estamparam e nós estamos perplexos. Um governo refém de fitas misteriosas. “Diógenes acompanhou carreira de Olívio, a relação com Olívio Dutra vem de longa data. Dez anos da disputa do Palácio Piratini. Diógenes acompanhou o líder petista na campanha pela Prefeitura da Capital. Uma das primeiras medidas do Governo Olívio na Prefeitura foi decretar a intervenção nas empresas de ônibus. Diógenes foi nomeado interventor da Empresa Trevo. Pouco mais de 10 meses depois, foi promovido a Secretário dos Transportes, sucedendo Antonio Hohlfeldt, hoje Vereador do PSDB, que não resistiu à crise da intervenção nas empresas de ônibus.”

Então, os jornais estampam coisas que fazem com que nós tenhamos que voltar ao passado e nos surpreender.

“Uma gravação abala o Rio Grande. Os vínculos do economista Diógenes Oliveira com o Governador Olívio Dutra são antigos.” Vou deixar essa parte para o final, porque é boa.

Mas surpreende o Rio Grande porque essa pessoa fez aquela intervenção. Mas será que foi? Agora fica aqui aos Vereadores mais antigos uma pergunta: será que foi uma intervenção benéfica para a Cidade de Porto Alegre? Então, nós estamos realmente assustados, porque, antes queriam expulsar o Jairo, o ex-presidente do PT de Porto Alegre, o tesoureiro, melhor dizendo. Agora, vão expulsar também esse. Mas só expulsar basta? O PT não tinha a seriedade, a transparência? Agora, me parece que é a transferência. A transferência dos sem-terra para lá e para cá, sem rumo, iludindo o Rio Grande, dizendo que vão arrumar terras.

Pobres desses homens que andam para lá e para cá, Ver. Ervino Besson, aqui na frente, dentro da Cidade, e ninguém toma providências!

E uma coisa nos salta aos olhos e a população sentiu e viu: cadê as bandeiras do PT? Educadores do mundo se reuniram em Porto Alegre na marcha dos Sem. Aí eu olho aqui, Ver. Ervino Besson - o Ver. Luiz Braz não se encontra - aqui está o Lulinha agitando, aquele mesmo que invadiu o Parque da Harmonia, está aqui o rosto dele. Eles fazem campanha o ano inteiro invadindo. Está aqui ele: o Lulinha!

E a Ver.ª Maristela Maffei, usando o microfone, distribuiu leite no Centro da Cidade. Mas, pára aí, isso é demagogia! Distribuindo leite que não é dela, é dos outros, dos pobres produtores, que ganham dezoito centavos por litro; fazendo demagogia, proselitismo no Centro da Cidade. Tomara que um dia ela possa, lá na Lomba do Pinheiro, dar leite para aquele pessoal pobre, com o dinheiro do seu bolso! Essa é uma vergonha com a qual estamos estarrecidos.

As bandeiras do PT sumiram da Cidade e do Estado. Isso é um sinônimo de que acusaram o golpe, Ver. Pedro Américo Leal, e o golpe é duro nessa dita transparência do PT.

O Orçamento Participativo não resolve mais nada, é um engodo à Cidade de Porto Alegre. Reforma agrária: querem que o Governo Federal faça tudo, quando prometeram na campanha. E olha que quero fazer jus aqui ao ex-Governador Alceu Collares. Na campanha recente, dos partidos trabalhistas, estivemos juntos e ele já acusava essa participação do Clube da Cidadania e ninguém acreditou. Ninguém acreditou. Agora, estão aí as fitas mostrando à Nação, porque já é um assunto nacional.

O povo está perplexo com esta atitude. Não me venham dizer que ele deu carteiraço sozinho, pelo amor de Deus! Ele não pode usar o PT, e se usou é porque tinha poder para isso. Ninguém pode usar o nome de ninguém. Ele era do Partido. Agora, dizer que não pertencia ao Partido, Ver. Luiz Braz, não pode, agora é muito tarde. Esse homem fez a encampação dos ônibus de Porto Alegre. Esse homem trabalha no PT há muitos anos. Olha, é uma vergonha! O PT tem que explicar.

E vamos parar com a Previdência, porque a Previdência já está resolvida, tem que explicar esse caso da CPI da Assembléia, porque o Rio Grande e o Brasil estão perplexos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, primeiro queremos dizer que achamos que o Orçamento Participativo é um instrumento importante na vida de um povo, de um país, de um estado. E na nossa avaliação, Ver. Isaac Ainhorn, o que precisamos fazer aqui em Porto Alegre é qualificá-lo.

Penso que o Orçamento atende muito bem ao asfalto, mas quanto às outras demandas da Cidade, lamentavelmente não tem se aprofundado, na medida em que, acredito, deveria se aprofundar na discussão com o conjunto da Cidade. Mas, como sempre, o administrador pensa na próxima eleição e não no futuro da Cidade. Então, sempre o asfalto tem sido a prioridade. E às vezes, a saúde, a educação, o emprego, o saneamento básico não têm sido a prioridade da Frente Popular.

Mas eu vou voltar a trazer à tona, aqui, um assunto que tem me deixado de cabelos em pé. Eu pego o Diário Oficial de hoje e vejo que de novo a empresa Cores recebeu o prêmio de mais de 3 meses, portanto, até fevereiro aproximadamente. De 28 de outubro até 25 de janeiro de 2002, mais um contrato emergencial. Portanto, aqui vão seis meses, nove meses de brinde para a empresa colaboradora da campanha do Prefeito. Não sei se é legal.

Eu vou fazer um apelo ao meu querido Ver. Estilac Xavier, Líder do PT, para que me apresente até amanhã, por favor, se assim entender, todas as cópias desses contratos emergenciais, desde 27 de abril. Se não fizer, eu estarei entrando na Justiça para que os documentos sejam exibidos. Eu quero fazer um apelo da tribuna para que o Governo nos entregue esses contratos desde o dia 27 de abril, dos três meses; dos outros três meses e dos outros três meses, e esse contrato agora, porque eles podem estar usando objetos diferentes.

A Lei diz que não pode ser acima de seis meses. O máximo de um contrato emergencial é de seis meses, mas eles podem estar mudando os objetos. Eu quero ver. Se não apresentarem, eu vou buscar na Justiça, através de uma ação cautelar e nominada. Exibam esses contratos para que possamos examiná-los.

Acredito que, se isso é legal, é, no mínimo imoral. A empresa Cores está prestando serviço emergencial há mais de seis meses; e vai para nove meses. Isso não é sério! Nós temos de aprofundar. Vamos ouvir o Darci Campani na quarta-feira, às 10h30min, na Comissão de Justiça. Mas eu não sei se ele vai conseguir, só na Comissão de Justiça, explicar essa relação da Empresa Cores com a Prefeitura nesses contratos emergenciais. Acredito que esse assunto não vai parar por aí, porque eu não posso entender como uma administração eficiente, transparente, que alardeia nos espaços públicos, pagos, televisão, rádio e jornais, tem um contrato de emergência há nove meses com a Empresa Cores.

O que está havendo, Ver. Luiz Braz? São nove meses de contrato emergencial com a Empresa Cores, colaboradora da campanha do Sr. Prefeito! Pagavam 35 reais e alguma coisa por tonelada; agora, 39. Se não fosse a vinda do Diretor Campani a esta Casa, não sei se não teriam passado para 45 nesse último contrato. Quanto será que a empresa que vencer a próxima licitação vai cobrar pela tonelada do lixo? Os mesmos 39? E se for menos, quem vai pagar essa conta?

Por isso, nós estamos convencidos de que a Prefeitura não poderia fazer um contrato além dos seis meses.

Portanto, Ver. Estilac Xavier, quero fazer um apelo pois sei que V. Ex.ª tem atendido com muita presteza aos pedidos de informações de todos nós Vereadores. Gostaríamos de ter, se possível, ainda hoje, a cópia desses contratos da Empresa Cores, todos os contratos de emergência feitos para o recolhimento do lixo em Porto alegre. Aguardamos o pronunciamento de V. Ex.ª. Queremos dizer que estaremos, sim, na Comissão de Constituição e Justiça na quarta-feira para, junto com os Vereadores da Comissão, acompanhar e questionar o andamento do recolhimento do lixo de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, foi anunciada a construção da Pista de Eventos no terreno da Universidade do Trabalho. É mais uma demonstração do jeito do PT de governar: decide e pronto. A comunidade continua reclamando, expondo razões, mostrando fatos. O Partido do Governo quer e ponto final. Esse terreno onde se pretende construir a Pista de Eventos - Sambódromo, para os carnavalescos - foi doado pelo Governador do Estado em 1963, o Sr. Ildo Meneghetti, através da Lei nº 4610.

Para comprovar o que diz sempre aqui o Ver. João Antonio Dib: “Lei é feita para ser cumprida.” Mas pouco estão se importando com esta Lei nº 4610, de 21 de novembro de 1963, o governo petista, pois pretende instalar lá a Pista de Eventos.

No fim de semana anunciou-se que a Pista de Eventos vai ser ali, e pronto, estamos conversados. Essa é a democracia petista, esse é o jeito de imposição do governo na sua chamada Administração Popular.

Estou colocando advogados à disposição da Federação dos Círculos Operários do Rio Grande do Sul que teve essas terras doadas pelo poder público e que agora vai ser invadida pelo Governo do PT para a construção da Pista de Eventos. É assim que deve ser tratada essa matéria: invasão. Aliás, em matéria de invasão, de desrespeito, de movimentos de reivindicação com violência, o Partido dos Trabalhadores está fazendo escola através dos tempos. Veja-se o exemplo que é dado nessa benevolência que é dispensada às ações do Movimento dos Sem Terra que fazem o que bem entendem sob o olhar do Governo, que parece que vê ou gosta de ver a coisa quanto pior melhor para jogar a culpa sempre no Governo Federal, que é um Governo ruim sim, desumano, mas é matéria diária para todos que gostam apenas de atirar pedra no telhado do vizinho, não cuidando do seu telhado.

A construção da Pista de Eventos no terreno que foi doado pelo Governador Ildo Meneghetti para a Federação de Círculos Operários - onde hoje está assentada a Universidade do Trabalho e que envolve comunidades que englobam os Bairros Humaitá, Farrapos, Liberdade, Pampa, Esperança, Mário Quintana, DabDab, Tecnológica, no local onde existem campos de futebol, de cujos aluguéis tira-se proventos para o custeio de estudo de alunos carentes, que vai atingir parque esportivo e parque ecológico - é mais uma agressividade, sim, cometida pelo Governo que pede verbas astronômicas para a publicidade para o exercício de 2002.

Mas eu reforço aqui o meu pedido da Emenda que vou protocolar, nos próximos dias, tirando um pouquinho só para a construção das casas-lares, pela necessidade da retirada dos meninos e meninas de rua de Porto Alegre, uma promessa feita pelo Prefeito Tarso Genro e até agora não cumprida.

Eu sei e estou convencido de que pouco adianta se falar diante desta tribuna, o jeito do Governo do PT, agressivo, de mandar e pronto, é de soltar foguetes na frente da Câmara Municipal, porque ganha liminar contra o povo na Justiça; é de prometer e não fazer, mas eu vou continuar denunciando. A comunidade da Região Norte de nossa Cidade pede uma ação enérgica de nossa parte e, se depender de mim, nós vamos brigar até a última instância, já que só politicamente é impossível alcançar objetivos.

Eu questiono a validade da Câmara Municipal, porque aqui se decide e se envia ao Prefeito; se não agrada ao Governo que está no Poder, não é só o Partido dos Trabalhadores, é o Partido que está no Poder, seja ele quem for, o prefeito que for, ele veta, e se esse veto volta para cá e é derrubado na Câmara Municipal, o Partido que está no governo apela à Justiça comum, como ocorre agora no caso dos municipários e o Montepio. Não é só pelo uso desse artifício na Justiça comum por parte do Partido dos Trabalhadores, não, mas de todos os Partidos ao longo da história de todos os parlamentos. Então, para que o parlamento? Para que Câmara Municipal? Para que se votar, aqui, se serão aprovados e executados só com o interesse direto do Partido que está no governo?

No caso atual, não podemos cruzar os braços e deixar que tudo seja imposto pelo Partido dos Trabalhadores. Muita coisa precisa ser explicada, que a palavra dada por um assessor não deixe de ter validade quando aperta o cerco para cima dos interesses maiores do Partido que ora governa o Estado do Rio Grande do Sul.

Em nível estadual, a CPI da Segurança está aí mostrando coisas que nós achávamos que não existiam. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com bons olhos e com alegria, ouvi uma manifestação, hoje, registrada na imprensa, de uma posição fechada da Bancada do PTB em relação à rejeição do Projeto do IPTU. Que beleza! Quero dizer que o nosso Partido está discutindo a questão, também, dentro desta mesma linha, de o Partido fechar questão sobre a matéria, contrário ao Projeto que aumente 0,01% acima da inflação. Na Bancada, já temos a maioria para rejeitar o Projeto, mas não temos questão fechada. Queremos discutir no âmbito da Bancada, do Partido para tomarmos, ao meu gosto, uma deliberação fechada pela rejeição do Projeto do IPTU, que chegou a esta Casa.

Amanhã mesmo estará aqui - e o receberemos com a fidalguia que merece - o Sr. Secretário Municipal da Fazenda, João Eduardo Utzig, pessoa de preparo intelectual que merece o nosso respeito, a nossa admiração. Será, com certeza, bem recebido pelos Vereadores desta Casa e vem apresentar a sua idéia, o seu Projeto. Eu, particularmente, já tive a oportunidade de discutir com ele. Já debatemos, participamos eu e ele de um debate sobre o Projeto de Lei do IPTU, lá no Sindicato da Construção Civil. Tivemos a oportunidade de estabelecer um debate, e, o que é óbvio, por uma questão de humildade, creio que os que assistiram que julguem quem levou a melhor em relação a esse debate. Agora, eu sei o quão árduo para o Secretário Eduardo Utzig é vir aqui sustentar aumento acima da inflação.

Um Vereador da base petista, da base governista fez afirmações, meus caros colegas de Bancada, Vereadores Humberto Goulart e Ervino Besson, ao que eu disse: “Olha, vai aumentar acima da inflação, nenhum setor está ganhando reajustes de vencimentos, de salários nos patamares da inflação. Os funcionários públicos federais que moram nesta Cidade há 7 anos não sabem o que é um aumento de 1% nos seus vencimentos.” E o Vereador disse: “É, nós temos de aumentar o IPTU em Porto Alegre e lutar pela mudança da política do Governo Fernando Henrique Cardoso em relação aos funcionários públicos.” Isso é fugir do centro do poder. Querer, neste momento, aumentar impostos, aumentar tributos é uma violência contra todos os segmentos da população. E no momento em que se mexe na base de cálculo, na Planta de Valores - que, até reconheço que em alguns casos há distorções, e que em outros casos ela também apresenta defasagem - mas no momento em que a Planta de Valores for colocada nos patamares em que ela deve estar, automaticamente os índices de aumento desse tributo serão catastróficos para a população de Porto Alegre.

Sabemos que o aumento é de 25% na arrecadação do IPTU. Ora, se a inflação do ano de 2001 vai ser de 12 a 13% e o aumento do IPTU vai ser de 25%, não precisa ser grande matemático, Ver. Haroldo de Souza, para compreender que está aumentando em 100% acima da inflação a arrecadação do IPTU. E para que aumente em 100% a arrecadação do IPTU é imprescindível que haja aumento efetivo e real do IPTU. E eu tenho a certeza de que a sensibilidade do Sr. Prefeito Municipal neste momento recomendaria a retirada do debate desse Projeto pernicioso aos interesses do conjunto da população de Porto Alegre. É um apelo e um registro que faço da tribuna: não ao aumento acima da inflação do IPTU na Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje eu vou fugir um pouco do roteiro que eu tenho traçado para mim quando eu utilizo esta tribuna. Eu vou falar de algumas coisas sobre o nosso companheiro Olívio e até sobre o nosso companheiro Diógenes, que não é o da lanterna, porque o Diógenes foi Secretário do Município e as coisas não eram muito transparentes. Ele estava com a lanterna sempre apagada, ele nunca tinha lanterna. E o Olívio, nosso Governador, Governador Olívio, meu Governador, também, disse algo ao embarcar para a sua viagem - quando ele disputa uma gincana com o Prefeito Tarso Fernando Genro, para ver quem viaja mais - para o exterior para preparar a campanha para o ano que vem . Quem vai ser o candidato do PT? Uma incógnita ! Vai ser quem viajar mais, provavelmente. Mas na hora em que viajava o Governador Olívio dizia que as pessoas têm o seu momento ruim. Ele, evidentemente, estava falando do homem da lanterna, o Diógenes que não está nunca procurando as coisas certas. O Diógenes não é dos mais acertados. Mas tudo bem! E depois ele afirmou que “ninguém foi autorizado por mim a representar ou falar pelo Governo.” E, aí, fiquei preocupado! Quem fala pelo Governo, onde falam pelo Governo? Porque eu vejo e ouço muita gente viajando e falando em nome do Governo.

Eu tenho uma tese de que responsabilidade se assume e não se transfere. Parece que isso não ocorre com os governos do PT. Tudo é dividido! Responsabilidade não se deve assumir? Mas quando li, hoje pela manhã, a “Nota aos Gaúchos” confesso que fiquei profundamente triste, me senti realmente muito mal. Se o Governo do Partido dos Trabalhadores que está governando o Rio Grande, se os responsáveis, os que falam pelo Governo, se sentaram e escreveram essa nota, eu acho que o Governador devia viajar e não voltar mais; o Secretário da Segurança deveria acompanhá-lo e não voltar mais, deixar o Governo para o Vice-Governador mesmo, e pode ser que este assuma a responsabilidade, porque o tenho visto falar com muita autoridade; não é o Governador, mas fala como se fora.

Então, esta nota que foi feita, não sei a quantas mãos, tem aqui um parágrafo que me deixa preocupado: “O Governo do Estado reafirma sua disposição de qualificar a Segurança Pública” - nota dez na disposição, só na disposição – “valorizar os servidores comprometidos com o bom andamento deste importante serviço” - eu já não escreveria a palavra comprometidos, porque dá a impressão de outras coisas, mas foi o que escreveram - “e sanear as estruturas policiais daqueles elementos que comprovadamente mantenham relações com o mundo do crime, a chamada ‘banda podre’ da polícia.” E aí, fiquei triste! Esse homem nos governa? Esse é o nosso Governo? Se sabem que existe uma ‘banda podre’ da polícia e vivem afirmando isso, porque não tomaram providências? Porque nivelaram todos pelo pior. Se existe uma ‘banda podre’ da polícia e o Secretário Bisol vem dizendo isso desde que assumiu - e já vai sair, graças a Deus, da Secretaria de Segurança - por que não disse o nome dessas pessoas? E aqui ele fala “comprovadamente”. Então, ele sabe que deve ter alguém equivocado na polícia e estão permitindo que se nivele pelo pior. Parece que é isso que o PT gosta! A banda podre da polícia!

Eu tenho que elogiar os policiais deste Rio Grande todos os dias. Eu tenho que elogiar a Polícia Militar deste Rio Grande todos os dias, porque, apesar do que o Secretário e o Governo dizem, eles continuam trabalhando e, mais do que isto, morrendo nas ruas da Cidade, porque o Secretário quer que o policial, ao tomar as medidas, diga: “eu sou policial.” Quando ele disse “eu sou um policial”, ele foi morto. E o Governo do Estado diz que conhece a “banda podre” da polícia. Se ele diz que existe “banda pobre” porque não providencia? Não, ele tem de competir em viagens com o Prefeito Tarso Genro, porque quem viajar mais ao exterior há de ser o candidato do PT. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PT.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, funcionários, público do Canal 16, quero me referir ao primeiro pronunciamento e ao pronunciamento que agora ouvimos. O primeiro, feito pelo Ver. Cassiá Carpes, e o segundo, agora, pelo Ver. João Antonio Dib. Quero dizer que falo com absoluta serenidade para dizer que o que estamos vendo é uma disputa política, sem quartel, contra o projeto político que está desmantelando posições e privilégios encastelados no Estado. E lhes digo isso, porque em nome do meu Partido, da minha Bancada, ninguém esteve autorizado, nunca, nem em nosso Governo, para tomar qualquer atitude ilícita. E entre aqueles que o fizeram e o fazem - e é bom percorrer a história do nosso Partido -V. Ex.as não encontrarão um deputado cassado, um envolvimento com dinheiro público de uso ilícito. E toda vez que no nosso Partido encontramos problemas, nós corrigimos, porque temos um padrão de conduta interno que resolve não pelo abafamento, mas pela responsabilização. E assim foi com o nosso Tesoureiro, que é origem desse assunto, e assim será com o cidadão Diógenes de Oliveira.

Agora, alguém aqui nega que as ações e as discordâncias políticas que nós tenhamos em relação à área da segurança, não tocam em pontos nevrálgicos? Vou-lhes contar um episódio: existem vários Delegados, Ver. Pedro Américo Leal, que estão sob inquérito. Esses inquéritos, pela primeira vez procedidos na Polícia. Socorro-me de um eminente homem da Segurança Pública, que é reconhecido por nós aqui, o Ver. Pedro Américo Leal, que sabe que há tentativas permanentes de infiltração entre os órgãos, principalmente os aparatos; há tentativas. Esses processos e esses inquéritos foram parar na CPI, e lá tem vários envolvidos. O contra-ataque? A figura do PT.

Engana-se Ver. Cassiá Carpes, meu nobre colega, homem ilustre e batalhador, que vai desaparecer a bandeira do PT do Estado ou que nós vamos nos intimidar sobre isso; nós vamos tomar as medidas que tiverem de ser tomadas, inclusive aquelas que dizem respeito à nossa disciplina interna, mas não vamos passar cheque em branco para vir aqui da tribuna tripudiar ou sustentar contra as condições éticas, programáticas e morais do nosso Partido. Porque se tem um Partido - pode haver outros - mas nós queremos estar dentre eles, na vanguarda. Quem colocou um critério político na coisa pública no Brasil se chama PT. Era o PT que estava na frente para terminar com as aposentadorias do Deputados. V. Ex.as se lembram do FUNDOPEM? Famoso! O PT que esteve na frente para terminar com os jetons dos Deputados. Estava lá o PT. E todas as vezes em que se mexe em estrutura de poder, como foi a intervenção do transporte coletivo, aliás, conduzida com graves problemas - recordo que à época o Ver. Antonio Hohlfeldt era o nosso Secretário. Não foi o Diógenes Oliveira como falaram aqui. E se mexeu novamente em uma estrutura de poder! E o que se descobriu dentro das empresas? Desvio de finalidade, sucateamento, empresa de exploração de drogas, de pedras preciosas e exploração de lenocínio.

Toda vez que o nosso Partido investe, pois há uma mórbida idéia – e quero alertar aos políticos que são honrados - a idéia é desconstituir que possa haver esperança ética e saída honrosa para o País, para estarmos todos na mesma vala, de qualquer Partido, mas principalmente do PT, porque aí todos somos iguais e vamos escolher entre quem: os que roubam, mas fazem? Como é o velho lema existente no País? Vamos escolher os que roubam menos? Não! Não é esse o caminho! Existem homens honestos, dignos e éticos em todos os Partidos. E o nosso Partido tem um procedimento para tratar disso e não vai ser a Segurança Pública com as suas mazelas herdadas de anos e anos que vai, agora, atingir a imagem do nosso companheiro Olívio Dutra, homem austero, íntegro – todo o mundo sabe da sua vida pública - para fazer disputa política para vencer o Governo do Estado no ano que vem. Vençam, mas vençam com o argumento da Ford; vençam, mas vençam com o negócio do desenvolvimento; vençam, mas olha lá: o PT não é uma força que se entrega para acusações que não são fundamentadas, mesmo que elas venham de dentro do partido ou de alguém com quem se teve alguma convivência. Serão responsabilizados os responsáveis, porque o nosso Partido fez um corte na história deste País, que vem desde a questão das eleições diretas; que vem do impeachment do Fernando Collor e que participou decisivamente agora na saída de alguns Senadores da República.

Eu quero que os meus companheiros, homens honrados desta Câmara, pensem sobre isso e reflitam, porque o assunto não terminou aqui, voltaremos mais vezes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho certeza de que o Ver. Estilac Xavier acredita no seu discurso. Mas acho que ele deve fazer uma reflexão mais profunda a respeito das afirmações que fez aqui da tribuna, porque, de repente, o Ver. Estilac Xavier pode começar a não fazer mais afirmações tão peremptórias como fez há pouco.

Existe, Ver. Estilac Xavier, uma explicação que eu nunca vi ser dada, aqui desta tribuna, e nem em local nenhum: a existência desse Clube da Cidadania, que apenas enganou as pessoas e que agora se sabe que foi buscar recursos, dinheiro, inclusive na classe patronal, para poder subsidiar a campanha do PT, enganando as pessoas que doavam esses recursos. Enganando, porque diziam para muitas pessoas que eram recursos para a área da assistência social, e, ao invés disso, vinham para a campanha do PT. Mas, como essa associação, Ver. João Antonio Dib, que ninguém sabe por que existe, pois nunca fez nada na área que estava destinada a fazer, nunca fez nada, a não ser arrecadar dinheiro para o PT, agora, surgiu uma tal de Associação de Advogados pela Democracia. E esta Associação coloca um “a pedido” na página 23 do jornal Zero Hora, onde dá a sua opinião, dizendo que é absolutamente lícita a invasão de terras pelo MST. Essa Associação deve ser uma das muitas entidades parecidas com o Clube da Cidadania, e diz o seguinte: “É absolutamente irreal essa ação dos donos de terra se colocando contrários às invasões das suas propriedades”. Esta é a opinião, através de a pedido, de uma tal de Associação de Advogados pela Democracia. Fui até perguntar para o meu amigo, Ver. Sebastião Melo, porque ele é militante na área da advocacia - eu sou advogado, mas não sou militante - e ele diz que não conhece. Olha, o Ver. Sebastião Melo é daquelas pessoas que hoje dão sustentação à Ordem dos Advogados do Brasil; ele é uma das pessoas que ajudou a fazer com que a Ordem dos Advogados do Brasil se tornasse uma entidade forte. Então, ninguém conhece!

Eu ouvi outro dia aqui - e ninguém deu resposta - o Ver. Antonio Hohlfeldt, na tribuna, fazer críticas à Secretaria Municipal da Cultura, que, com o dinheiro público, acaba pagando determinados serviços prestados a um preço muito maior. E eu não ouço resposta. A resposta que eu ouço é apenas um discurso vazio, demagógico, que apenas diz que é um Partido que continua sendo inatacável. Mas como continua sendo inatacável, se tem tantas mazelas, tantas feridas, se enganam tantas pessoas? Eu tenho no meu gabinete, Ver. João Antonio Dib, dezenas de contratos de publicidade apenas para divulgar ações partidárias - inclusive temos uma ação na Justiça, cobrando que os administradores petistas devolvam para a Administração Pública aquilo que gastam de maneira indevida, para apenas dizer que o Orçamento Participativo é uma maravilha.

Eu concordo com o Ver. Sebastião Melo no sentido de que tem de haver a participação popular, cada vez mais, mas não da forma como está. A forma como ela existe hoje é vergonhosa, porque utiliza dinheiro público para fortalecer uma estrutura partidária, ideológica. E se é isso que pensam ser democracia, se é assim que querem fazer democracia, se é essa a democracia que querem que aconteça em todo o território nacional, a ela eu vou sempre me opor. Vou sempre ser opositor, sempre ser inimigo, porque esse estilo de democracia apenas está aí para enganar as pessoas, para iludir a boa fé das pessoas, para fazer com que a população pense que está lidando apenas com uma espécie de semideuses, mas se formos ver são ídolos de barro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não pretendia tocar nesse assunto que foi manchete dos jornais nacionais e locais no último fim de semana, envolvendo o Governo do Estado, mas como foi lembrado aqui o fato de eu ter sido Secretário dos Transportes ao tempo em que o Prefeito Olívio Dutra administrou esta Cidade, eu queria apenas acrescentar que, sucedido pelo Sr. Diógenes de Oliveira, quando deixei a Secretaria, eu voltei a esta Casa; eu não me tornei Diretor da Marcopolo, como prêmio pelo meu trabalho na SMT.

Gostaria de separar, claramente, quem é o Sr. Diógenes Oliveira e quem sou eu. Eu cumpri uma função de serviço público, retornei a esta Casa e aqui estou até hoje. O Sr. Diógenes Oliveira saiu da SMT e foi convidado a se tornar Diretor da Marcopolo. Por quê? É uma pergunta que, talvez, agora nós tenhamos mais curiosidade de descobrir a resposta. E, depois, veio a fundar esse clube. Eu lhe respondo, Ver. Luiz Braz: essa associação de advogados, conheço-a muito bem, é formada exclusivamente por apoiadores do PT, talvez os mesmos que ajudaram a pensar o projeto do Clube de Cidadania. Eles só aparecem em época de eleições. Agora, certamente, foram chamados para ajudar um pouquinho a tentar resolver esse qüiproquó difícil de resolver.

Isso posto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço questão - como já disse - de separar as coisas, não gostaria de ser misturado, confundido, em nenhum momento, ao Sr. Diógenes Oliveira.

Eu gostaria de falar sobre outro assunto, que me está preocupando, que é o da localização dos colonos integrantes da MST na área praticamente à frente da nossa Câmara de Vereadores. Pedi um Parecer da Procuradoria, na semana passada. Chegou na sexta-feira e foi distribuída uma cópia para cada Vereador. Quero aqui dizer que continuo preocupado com isso. E, ao contrário do que o Ver. Juarez Pinheiro tentou aqui expressar, mesmo fora do microfone, não é reacionarismo, nem oposição ao MST, Ver. Juarez Pinheiro, muito pelo contrário. Se a Prefeitura tiver respeito pelo MST, em vez de instalar esses colonos onde instalou, deveria instalar num terreno decente da Prefeitura, com boa infra-estrutura e não numa área onde, a qualquer momento, alguém pode ser atropelado. Respeito é isso e não jogá-los onde estão jogados, fazendo, eventualmente, um movimento de vitrine, trazendo um caminhão do DMAE para lhes oferecer água.

Então, quero dizer que, sobretudo me valendo e consultando, no final de semana, alguns advogados amigos meus sobre o Parecer da nossa Procuradoria, eu tenho absoluta certeza de que cabe, sim, a qualquer cidadão da Cidade e muito mais a alguém como nós, Vereadores, pedir uma manifestação do Ministério Público sobre o descumprimento, por parte do Prefeito Tarso Genro, das suas atribuições de Prefeito, de Administrador da Cidade. Porque, como diz a nossa Auditora, se é coisa pública, os bens e rendas municipais, se os bens de uso comum do povo estão todos sob a administração do Prefeito, que deve sobre eles ter administração e vigilância e o dever de mantê-los em condições de utilização pela coletividade, o Prefeito Tarso Genro, ao localizar os colonos naquele lugar ou simplesmente a omitir-se, está sendo responsável por não cumprir com a sua função de Prefeito.

Eu não discuto que o Prefeito queira apoiar o MST, ao contrário, terá o meu aplauso, mas deve fazê-lo condignamente, ou seja, um próprio da Prefeitura Municipal - e a Prefeitura os tem e muitos. Então, localize os colonos, com respeito as pessoas que eles são: com água, luz, boa infra-estrutura e até apoio de alimentação. Terá o meu aplauso, Agora, não se usem bens da comunidade, em nome da comunidade, e, eu diria, numa tentativa a mais de fazer discurso, dizendo: “Vejam esses pobres colonos!” Só que, na verdade, esses pobres colonos estão sendo colocados em risco exatamente pela mesma Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Eu penso, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, que nós deveremos, urgentemente, de fato, fazer essa discussão. Essa me interessa mais, até, porque a outra, eu diria que, há muito tempo, nós temos visto o PT mantendo o discurso da ética, mas, na prática, quando nós temos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 denúncias variadas em vários campos, começo, infelizmente, a ver o Partido um pouco como um prédio velho, usado, descascado, desbotado, que precisa, urgentemente ser interditado, como a SMOV, normalmente, faz, com esse tipo de edificação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores. O PC do B também quer dar uma opinião sobre os acontecimentos mais recentes no Estado. Começo dizendo que hoje fica mais do que evidente que se trava uma batalha feroz, no Brasil e no Rio Grande do Sul, entre dois projetos contrapostos. Um deles é o projeto neoliberal, do Sr. Fernando Henrique Cardoso, sustentado pelos Partidos das elites brasileiras, um projeto que há 10 anos vem liquidando o País. Começou pela privatização - que, na verdade, deveria ser chamada de "desnacionalização" - de tudo o que é importante, estratégico para o desenvolvimento nacional. Venderam, “a preço de banana”, as siderúrgicas, as petroquímicas, a Vale do Rio Doce, os bancos, as hidrelétricas, todas as riquezas do País em troca de migalhas que não pagam sequer um mês do juro da dívida. Estão entregando o território nacional, lá na base de Alcântara. A nosso dívida interna, que era de 60 bilhões de reais, passou para quase 700 bilhões de reais! O Brasil, hoje, é dirigido pelo FMI. A dívida externa duplicou. Quanto mais entregam, mais devem! São inúmeros os escândalos, gravações do próprio Presidente da República, as negociatas, as maracutaias. Retiraram os direitos previdenciários do povo.

Agora está no Congresso uma Medida Provisória que acaba até com a CLT, permitindo que no dissídio possam ser negociados os direitos dos trabalhadores. Mergulharam o País no maior mar de corrupção que já se viu! O resultado são 50 milhões de miseráveis e 10 milhões de desempregados. E o mais divertido é que os mesmos, agora, pousam de vestais e atacam, de forma leviana, o governo gaúcho. E por quê? Porque o Governo Olívio se opõe a este deslavado entreguismo e à liquidação dos direitos do nosso povo. E essa gente tem comparsas e parceiros em nível internacional, que ou estão presos, ou estão foragidos por corrupção: como Menem, na Argentina; como Fujimori, no Peru; como Salinas de Gortari, no México! E vêm posar, agora, hipocritamente, de defensores da moralidade pública.

Será que o povo gaúcho não tem memória, não lembra que esta gente entregou 500 milhões de reais para a GM? Que esta gente entregou o País? É porque o Governo Olívio se contrapõe a este deslavado entreguismo, a esta corrupção, a esta retirada dos direitos, e é levianamente atacado. Mas o povo gaúcho conhece Olívio Dutra, conhece a Frente Popular, que nada tem a ver - como a mídia tenta apresentar - com a contravenção e com a corrupção. Se tem alguém que está amancebado com os corruptos não são os Partidos de esquerda neste País. Lá está o Maluf e Celso Pitta, eleitos pelo PMDB; lá está Eduardo Jorge, do PSDB, contra quem até hoje não tiveram coragem de instalar uma CPI. Lá está o Inácio Arruda do PFL, cujo mandato foi cassado. Lá está - Ver. Luiz Braz - ACM, cassado; Hildebrando Pascoal, do PFL, que chegava a assassinar os seus desafetos com uma motosserra.

Apesar disso tudo, agora nós vimos os Partidos comprometidos com este mar de lama virem aqui posar de vestais! Eles que estão comprometidos com o entreguismo, comprometidos com a retirada dos direitos dos trabalhadores, comprometidos com a exclusão social e com a miséria...

Concluo; você que nos escuta, não se engane! Esse discurso dos neoliberais é falso, é hipócrita. Eles vêm falar agora contra um governo correto, um governo honesto, como o Governo Olívio Dutra. Portanto, companheiros e companheiras, o PC do B deixa registrada aqui a sua indignação e a sua confiança irrestrita no Governo Olívio Dutra. Nossos Partidos, de esquerda, têm uma trajetória de honestidade, de defesa da Nação e de defesa dos trabalhadores. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste final de semana, o Partido Socialista Brasileiro realizou o seu Congresso Estadual, que apontou as diretrizes para o Congresso Nacional, que será realizado nos dias 30 e 31 de novembro e 1º de dezembro. Durante esses dois dias, o Partido também realizou seus Congressos Sindicais, da Juventude e das Mulheres. Foram vinte teses debatidas, analisando a conjuntura nacional e as proposições para um projeto de um Brasil socialista. Inúmeras pessoas também deram o seu depoimento para a construção deste projeto. E o PSB, por intermédio da escolha dos seus delegados - que foram, aproximadamente, cento e quinze, mais cem delegados natos – os quais estarão nesses dias em Brasília para defender as teses referendadas pelo Diretório Estadual.

É importante também salientar quais as diretrizes que o Congresso Estadual tirou para o Nacional. (Lê.) “Primeiro: o Partido Socialista Brasileiro do Rio Grande do Sul insiste em lançar candidatura própria para a presidência nacional do próximo ano”.

Mas, ao mesmo tempo, faço questão de dizer que o PSB, ao lançar candidatura própria, não quer fugir dos seus objetivos em cima do campo ideológico. Sabendo que os companheiros do Partidos dos Trabalhadores, PC do B e PCB são os seus parceiros desde a sua origem, nós não queremos e não vamos fugir deste campo ideológico. Mas o PSB insiste que vai ter candidatura própria para o ano de 2002. Ao mesmo tempo, o PSB também referendou como indicativo para o ano de 2002, na questão regional do Rio Grande do Sul, continuar na Frente Popular, juntamente com esses Partidos que citamos: PT, PCB, PC do B e o próprio PSB.

Então, dentro desta visão, o PSB postula uma vaga para o Senado e entende que, para a Câmara dos Deputados e Assembléia, deva concorrer em faixa própria. Ao mesmo tempo, isso vai fazer com que possamos ter novos quadros, para o futuro. O PSB quer ter Deputados na Assembléia que, hoje, infelizmente, nós não temos. Ao mesmo tempo, o PSB acredita nessa coligação em nível estadual, porque conhece e acredita no trabalho que tem sido feito, até então, pelo Governador E o PSB, como Partido integrante dessa Frente, mais uma vez, vem aqui, de público, dar total apoio e solidariedade à figura, à pessoa que até hoje ninguém conseguiu abalar, refiro-me ao nosso Governador Olívio Dutra. E é em cima disso, mais uma vez, que nós queremos referendar a posição do Partido, dando total apoio ao trabalho do Governador Olívio Dutra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Havendo quórum passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que sejam votados, inicialmente, três Projetos e, depois de vencidos esses, fosse feito um outro requerimento, no que se refere à Ordem do Dia.

Pela ordem: PLE nº 005/01; PR nº 060/01; PELO nº 001/01. E depois será feito um outro Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia) Em votação o Requerimento de autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando que ingressemos na Ordem do Dia com o PLE nº 005/01; PR nº 060/01 e PELO nº 001/01.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ (Requerimento): Se o Ver. João Carlos Nedel concordar, quero fazer um acréscimo ao seu Requerimento. Solicito à Casa autorização para realizarmos a Sessão de entrega do Prêmio Literário Érico Veríssimo ao escritor Tabajara Ruas, na Feira do Livro, no dia 08 de novembro. Eu gostaria de apresentar, de preferência, no início, porque é um tema, acredito, sem discussão.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Há concordância do Ver. João Carlos Nedel?

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sim.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando que a ordem de apreciação dos projetos seja a seguinte: o PLE nº 005/01; PR nº 060/01 e PELO nº 001/01, e o adendo da Ver.ª Helena Bonumá solicitando seja votado primeiramente o Requerimento de nº 251/01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com o voto contrário do Ver. João Antonio Dib.

Em votação o Requerimento nº 251/01, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá, solicitando que a Sessão Solene para entrega do Prêmio Érico Veríssimo ao escritor Tabajara Ruas seja realizada na Feira do Livro, no dia 08 de novembro de 2001, às 18 horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1322/01 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 005/01, que dispõe sobre o serviço voluntário no âmbito do Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emendas nºs 02 a 05. Urgência.

 

Parecer Conjunto:

- da CCJ, CECE, CEDECONDH e COSMAM. Relator-Geral Ver. Beto Moesch: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02.

 

Observações:

- discutiram a matéria, em 26/9/01, os Vereadores S. Cavedon; L. Braz; I.Ainhorn (cedeu para L. Braz); R. Pujol; P. Brum(cedeu para R. Pujol) e J. A. Dib;

- retirada a Emenda nº 01;

- adiada a discussão por cinco Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em discussão o PLE nº 005/01. A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra para discutir.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos, aqui,  para  nossa  apreciação, nesta Ordem do Dia, o Projeto que dispõe sobre o serviço voluntário no âmbito do município de Porto Alegre. Iniciativa do Executivo Municipal, este Projeto vem ao encontro de todo um esforço que diversos segmentos da comunidade já fazem, de participação, em conjunto com o Poder Público, em diversas áreas. Sabemos que Porto Alegre é uma Cidade que ao longo da sua história, tem sido solidária, e, particularmente, quando é chamada a participar, efetivamente e, com esse poder de participação, passa a construir uma nova cultura, a cultura do envolvimento cada vez maior do cidadão e da cidadã da nossa comunidade com as questões públicas. É um processo extremamente rico, porque é um processo de “desalienação” das pessoas e, na medida em que torna a gestão publica transparente, se abre para participação efetiva de faixas mais largas de segmentos da comunidade. Muitos segmentos que teriam condições de contribuir com o Poder Público na solução dos diferentes problemas que nós enfrentamos, segmentos esses que, muitas vezes dão, através do seu trabalho voluntário, através da sua participação ativa como cidadãos e cidadãs, uma contribuição efetiva para a melhoria das questões sociais na nossa Cidade, para a maioria das questões que digam respeito aos principais problemas que enfrentamos.

A idéia de um projeto que trate disso é a preocupação do Executivo, ou seja, ele deseja regulamentar essa matéria, propiciando que, efetivamente, voluntários da sociedade civil possam se relacionar com o Executivo por meio do desenvolvimento dos principais projetos na área social. Isso potencializa efetivamente, concretamente, capacita o Executivo a poder incorporar a ação voluntária dessas pessoas sem que isso acarrete um problema legal. Porque o principal problema que até agora o Executivo enfrentava no trato com as pessoas que têm a disponibilidade e a potencialidade para desenvolver um trabalho voluntário - é quanto a legalidade - trabalho esse que nós entendemos que é necessário e que articula os segmentos significativos na nossa cidade de Porto Alegre. O principal problema, portanto, que o nosso Executivo enfrentava era o problema de limitação legal para que isso pudesse ser feito, porque isso poderia justificar uma sanção contra o próprio Executivo, na medida em que poderia se estabelecer com a pessoa que trabalha, voluntariamente, uma espécie de vínculo.

A iniciativa que o nosso Executivo está tendo agora é importante, porque vem no sentido de regulamentar, de regularizar, de legalizar essa relação que os segmentos sociais: pessoas, indivíduos, militantes, trabalhadores e profissionais da nossa Cidade podem ter com o trabalho efetivo que o Município presta em cada uma das suas frentes de intervenção, a partir do trabalho das suas Secretarias, das suas autarquias e departamentos.

Portanto, entendo que este Projeto está potencializando mais ainda o trabalho das ações sociais, das políticas sociais no Município, criando esse mecanismo que tira o vício que poderia ter o estabelecimento de um vínculo mais efetivo com o voluntário; ele regulamenta, ele regulariza, ele legaliza essa relação, criando e tendo como base a potencialidade toda de solidariedade que nós temos na cidade de Porto Alegre, criando um mecanismo concreto que possibilite que os voluntários da nossa Cidade possam, sim, efetivamente, prestar esse serviço junto à Prefeitura.

Nós sabemos que nas áreas que são mais sentidas, as áreas onde temos mais necessidade de investimento público, de ação pública, é necessária também a ação de voluntários, e nós, agora, com a aprovação deste Projeto, poderemos ter o apoio efetivo do trabalho de voluntários junto às ações que o Município já desenvolve. Portanto, somos a favor da aprovação do Projeto, evidentemente entendendo que o Executivo está dando um passo dos mais importantes, não só na consolidação de uma cultura de solidariedade na nossa Cidade, mas, efetivamente, mudando a face legal que passa a permitir o trabalho voluntário no município de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como Relator-Geral deste processo, sinto-me no dever de fazer algumas considerações. Nós estamos no Ano do Voluntariado e a intenção do Executivo Municipal é regulamentar dispositivo da Legislação Federal sobre o voluntariado. Aqui surge o primeiro problema: mais um projeto em regime de urgência. Eu tive uma semana para elaborar o Relatório e, num primeiro momento, nós entendemos, e está aqui inclusive grifado que o apoio do Executivo ao voluntariado não só é bem-vindo, como é necessário. O Executivo, o Poder Público, deve, sim, estender a mão ao trabalho voluntário, mas deve deixar esta atividade o mais independente possível, o mais voluntariamente possível, porque, senão, isso deixa de ser voluntário.

Então, neste primeiro momento, nós entendemos que o Executivo, sim, deve estender a mão ao voluntariado, deve colaborar com o voluntariado e, portanto, precisa regulamentar, precisa disciplinar esta sua atividade em parceria com o voluntariado, como estabelece muito bem a Legislação Federal, de uma forma muito superficial, apenas para regulamentar e disciplinar a sua atuação no que se refere ao voluntariado, disciplina, então, as formas de colaboração ao voluntariado.

Todavia, aprofundando-nos na análise do Projeto de Lei do Executivo de Porto Alegre, nós entendemos que o Executivo de nossa Cidade avançou muito no sentido do que quer a Legislação Federal. Ele vai além. Ao nosso ver e aí nós queremos chamar a atenção apenas para debater e aperfeiçoar o Projeto. Talvez o Executivo, querendo disciplinar e regulamentar a matéria, intrometa-se demais no voluntariado, o que não diz a Legislação Federal.

O que nós queremos é elaborar um Projeto de Lei como disciplina a Legislação Federal e não a Legislação Municipal em alguns aspectos. Há artigos excelentes do Projeto de Lei, mas alguns que temos de destacar, como o art. 3º “As ações de voluntariado a serem incentivadas devem estar integradas às políticas públicas”. Mas por que se é voluntário, o trabalho é voluntário. Ele não tem de estar integrado à política pública. “Aos projetos desenvolvidos pelo município e as parcerias firmadas para o desenvolvimento das ações municipais”.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É uma questão talvez de interpretação, Ver. Beto Moesch, de redação. Mas me parece que como é um Projeto da Prefeitura, é uma relação do voluntariado com a Prefeitura, ela tem que estar integrada dentro dos projetos sociais, comunitários que a Prefeitura faz, senão não tem razão de ser. Senão a minha relação será diretamente com a instituição A, B, C, ou D. Como V. Ex.ª faz com algumas instituições, eu faço com outras. Eu acho que é nesse sentido que deva ser feita a leitura.

 

O SR. BETO MOESCH: Eu agradeço, Ver. Adeli Sell, mas eu acho que aí é que está a confusão. Nós temos de acertar nesta discussão e quem sabe aprimorar um pouco o Projeto. O Projeto é necessário, nós temos que disciplinar o apoio do Executivo ao trabalho de voluntariado. Portanto o Projeto de Lei em si, tem de vir à Casa. Estou apenas ressaltando alguns artigos do Projeto de Lei e não o todo.

A mesma coisa, o parágrafo único: “Em qualquer hipótese, o serviço voluntário a que se refere esta Lei deve estar sendo desempenhado em órgão ou entidade regularmente cadastrado no Conselho Municipal respectivo.”

Então, estou achando uma estatização demasiada do Executivo com relação ao voluntariado, retirando, justamente, o aspecto do voluntariado. É bem-vindo o apoio do Executivo. O voluntariado deve ser feito, o voluntariado precisa disso, mas eu penso que a Legislação Federal neste aspecto é mais generalista como deve ser e não tão especificada como está no Projeto de Lei em debate. Apenas para colaborar com o debate, Ver. Adeli Sell. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, senhores e senhoras, vou continuar o debater com o Ver. Beto Moesch, que sem dúvida nenhuma, pela sua militância, sua trajetória política e sua preocupação - que eu tenho observado aqui nesta Casa - só poderia ser favorável a esta regulamentação, diríamos assim, do trabalho voluntário em relação ao Executivo Municipal. Acho, inclusive, importante, Ver. Beto Moesch, que tenha esse ponto das entidades devidamente cadastradas. Eu observei, Ver. Beto Moesch, que nas eleições do Conselho Tutelar que para comprovar o trabalho que são aquelas certidões de três entidades, imagina V. Ex.ª, que era obrigatório ter o cadastro junto ao Conselho Municipal, e mesmo assim nós todos aqui sabemos que houve várias certidões que, de fato, foram assinadas e que não tinham efetivo trabalho, imagine V. Ex.ª se nós não tivermos essa preocupação. Seria usufruto em benefício, muitas vezes, de interesse particulares, de determinados segmentos, coisa que virou moda inventar, a ONG, virou moda inventar associação, porque, às vezes, eu tenho saudade, um pouco, da década de 70, dos momentos difíceis que tínhamos de enfrentar o regime militar, mas que nós tínhamos fortes associações de moradores em Porto Alegre, diferentes de São Paulo, que eram muito mais beneficentes, filantrópicas e faziam um monte de proselitismo, aqui não! Eram de vanguarda, mobilizavam contra a carestia. Lembro da Dep. Jussara Cony, por exemplo, encaminhando todo um movimento contra a carestia, que tinha como suporte muitas associações comunitárias.

 Então, nós precisamos ter o apoio ao trabalho voluntário exatamente naquelas associações que, em primeiro lugar comprovem que elas são legais, que elas existem, que elas têm cadastro e, evidentemente, temos de ter um acompanhamento. E se tivermos um cadastro do voluntariado podemos fazer ações dirigidas. Podemos fazer, Ver. Beto Moesch, proposituras, porque vejam o seguinte: se o Poder Público Municipal tiver uma debilidade numa determinada área e nós temos uma grande possibilidade de termos um aporte de voluntariado, a Prefeitura vai dizer, nós precisamos hoje - sem medo de errar - precisamos de assistentes sociais, de psicólogos, de pessoas ligadas à saúde, que tenham experiência com drogatização , que possam trabalhar com meninos e meninas de rua em Porto Alegre, porque não há possibilidade, em nenhuma grande cidade deste País, os poderes públicos constituídos pelos governos, por si próprios, por mais orçamentos que tiverem, resolver esse problema.

Esse é problema da sociedade que o governo tem responsabilidade; mas nós, como cidadãos - já diz isso inclusive no Estatuto da Criança e do Adolescentes - temos também a nossa parcela de responsabilidade. Oxalá, então, se pudermos contar daqui para a frente, de forma qualificada, ordenada e inclusive induzida, isso não quer dizer estatização. Eu sou o primeiro a ser contra a estatização, porque tenho uma militância política formada inclusive no combate ao stalinismo, ao modelo que foi construído na União Soviética porque era um modelo de cima para baixo, não era uma esfera pública constituída pela vontade do cidadão, mas pela vontade do partido, ou melhor dizendo, da burocracia daquele partido. Esse foi o equívoco e por isso que aquele regime não vingou e hoje nós temos essa grande possibilidade aqui em Porto Alegre de trabalhar com voluntariado fazendo, portanto, esse esforço de trazer para junto da Prefeitura todo esse tipo de engajamento, mas, ao mesmo tempo, tendo o cuidado e a necessária precaução de que todos aqueles que trabalharem com a Prefeitura num trabalho voluntário não sejam, muitas vezes, de forma inclusive induzida a depois solicitar direitos que essas pessoas não têm, porque o dever que elas têm é terem-se colocado como voluntários e trabalhar, portanto, em prol da maioria. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01, por cessão de tempo do Ver. Marcelo Danéris.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, gostaria que nós pudéssemos desenvolver e discutir uma alternativa para que se efetive a Lei do Voluntariado. Estávamos agora discutindo com os Vereadores de oposição e me parece que a grande dúvida é que a intenção do Governo seja atrelar toda ação voluntariada ao Governo. Creio que é um grande equívoco se a leitura está sendo feita dessa maneira. Deveríamos fazer o esforço de traduzir na Lei a unidade que temos em relação ao voluntariado.

Primeiro ponto: nenhum de nós acha que o trabalho voluntário deve substituir a ação do Estado público, nem nós, da Frente Popular e nem os partidos de posição e nem é essa a intenção da Lei.

Segundo ponto: não podemos fazer de conta, enquanto Poder, enquanto Estado que não existe ação de voluntariado e deixá-la solta, desordenada, desorganizada, principalmente porque a ação do voluntariado demanda muito do poder Público. Todos os dias, nós somos solicitados, enquanto Poder Público, para que orientemos a ação do voluntariado, para darmos curso de formação e, ao mesmo tempo, as entidades, as associações que têm convênio com o Governo Municipal são temerosas. Ao mesmo tempo em que o Governo indica: “olha, nesse conjunto de creches comunitárias vocês podem atuar”, atuam com crianças de zero a seis anos; uma atuação de assistência social; uma atuação de dentista, uma atuação de terapeutas, eles são temerosos. Nós temos “n” pessoas que gostariam de fazer uma atuação solidária de profissionais. A Prefeitura tem como encaminhar, tem como orientar, só que as entidades temem que depois venham a sofrer ações de vínculo empregatício. Ou nós podemos estar expondo as creches, as entidades a receber pessoas que não sabemos da sua idoneidade, do sentido da sua ação e acaba o Governo se responsabilizando e não tendo nenhum conhecimento, nenhuma responsabilidade de fato ou capacidade de atuar de fato junto ao voluntariado.

Nós estamos sendo colocados, na verdade, na parede, no sentido de ter alguma ação orgânica, organizada; alguma estrutura de Governo que indique, que trabalhe, que fomente o voluntariado, mas principalmente com retaguarda, com uma lei que dê condições legais, que proteja a ação governamental e proteja as entidades não-governamentais, mas que tenha convênio com a Prefeitura e, aí, não terem de responder a processo por vínculo empregatício, por terem a quem recorrer – pois essas entidades vão recorrer à Prefeitura, quando houver a entrada de um voluntário que não seja adequada. Nós temos de preparar o voluntariado, inclusive as pessoas, para elas terem responsabilidade, porque não é simples iniciar um trabalho com crianças e daí a dois dias abandonar, porque não gostou, porque não se sentiu bem. Quer dizer, nós precisamos cercar melhor esse trabalho voluntário. Não é, em nenhum momento, a intenção do Governo ser o único organizador e fomentador do voluntariado. De maneira nenhuma! A idéia é deixar de ser alguém que não tem nada a ver, que é indiferente à ação de voluntariado. Essa é que é a intenção.

Eu provoco os Vereadores Nereu D’Avila, Antonio Hohlfeldt, Reginaldo Pujol, que têm dúvidas sobre isso, que nos ajudem a construir saídas alternativas. O Ver. Beto Moesch, que tem pensado no assunto. Se não é exatamente nestes termos, em que termos nos colocamos? Agora, nos omitirmos, fazer de conta que não tem toda essa vontade da cidadania, toda essa entrada real dos cidadãos nos diferentes espaços institucionais da Prefeitura e conveniados com a Prefeitura, se não delegarmos ao Governo Municipal que formalmente acompanhe, fiscalize, estimule, dê formação, é nos omitirmos. E, talvez, aí, estejamos prejudicando, pecando tanto por não estimular quanto por permitir, sem fiscalizar, sem normatizar, sem orientar a ação, sem ser o lugar onde as entidades possam recorrer numa ação que não seja tão boa do voluntário.

Então, eu faço aqui um apelo para que encontremos a melhor formulação, mas que não se dê às costas e não se tenha uma atitude irresponsável em relação a uma realidade que está nos pedindo algum tipo de normatização. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, para que seja retirada de tramitação a Emenda de nº 04, aposta ao PLE nº 005/01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, para que seja dispensada do envio às Comissões, a Emenda nº 05, aposta ao PLE nº 005/01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, a Bancada do PC do B vem discutir este Projeto na compreensão de que ele cumpra duas importantes funções. Não nos parece - ao contrário do que alguns estão opinando - que ele engesse ou estatize o trabalho voluntário. Por que este Projeto? Sabemos que em muitas entidades que, efetivamente desenvolvem um trabalho voluntário, às vezes, as pessoas que ali estão trabalhando voluntariamente, em determinado momento requerem direitos trabalhistas, alegando que estavam prestando um trabalho remunerado para estas entidades.

Então, creio que, por um lado, este Projeto permite que o verdadeiro projeto voluntário se amplie, porque muitas entidades têm preocupações com desdobramentos trabalhistas. Mas, por outro lado, nos tempos neoliberais em que vivemos, observamos que, muitas vezes, pessoas que efetivamente prestam serviços remunerados para uma determinada entidade estão registradas sob a forma de trabalho voluntário, de "cooperativas-fantasmas" e muitas vezes, de estágio fictício; e assim por diante. Assim, este Projeto também cuida deste outro lado, ou seja, protege o efetivo trabalho voluntário. Portanto, as precauções colocadas no Projeto são justas.

Vejamos o Parágrafo Único do art. 3º: “Em qualquer hipótese o serviço voluntário a que se refere esta lei deve estar sendo desempenhado em órgão ou entidade regularmente cadastrado no Conselho Municipal respectivo.” Por quê? Porque isso vai exigir que essa entidade, tenha os seus estatutos, a sua razão social, os seus dirigentes, os seus objetivos estabelecidos e conhecidos, sem qualquer subterfúgio, permitindo a fiscalização do Poder Público. Isso não é estatização; cabe ao Poder Público zelar para que pseudo-entidades do voluntariado não se aproveitem da figura do "voluntário" para explorar trabalhadores, deixando-os sem quaisquer direitos.

Por outra parte, o art. 7º vai no mesmo sentido: "o prestador do serviço voluntário deverá demonstrar que possui meios próprios de subsistência"; porque se ele realmente é aposentado, tem uma pensão, tem outros recursos, ele prova que não está ali trabalhando de forma disfarçada, Ver. Humberto Goulart, para receber um salário sem direito algum, sem carteira assinada, disfarçado de voluntário. Esse é o espírito do Projeto. Por um lado, ele zela para que o trabalhador seja protegido, que não seja explorado por essas cooperativas "fajutas", "picaretas", que hoje vicejam no neoliberalismo, retirando os direitos dos trabalhadores. E isso não se dá só através de cooperativas; se dá via estágios frios, via voluntariado frio, e assim por diante.

O espírito é esse: proteger o trabalhador de uma vinculação dita voluntária, que lhe retira os mínimos direitos.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço pelo aparte. Tenho uma dúvida, Vereador. Há muitas entidades idôneas em Porto Alegre em que há várias pessoas voluntárias trabalhando. Pergunto: retirada as condições dessas entidades, que conseguem fazer um trabalho voltado à própria comunidade, retira esse poder e canaliza tudo ao Executivo Municipal?

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Raul Carrion, o seu tempo se esgotou. O Ver. Aldacir Oliboni se inscreve e lhe cede seu tempo.

 

O SR. RAUL CARRION: Agradeço ao Ver. Ervino Besson pela sua intervenção, colocando a sua dúvida, mas ponderaria o seguinte: o que a Lei coloca? Ela coloca que pode existir o trabalho voluntário, prestado ao serviço público municipal ou não, mas não impõe que seja o serviço voluntário seja prestado para os poderes públicos; ela só exige que as entidades que prestam o serviço voluntário estejam cadastradas, ou seja, os seus estatutos, a sua razão social, seus responsáveis, seus objetivos estejam registrados. Continuará sendo permitido serviço voluntário feito pelas ONGs, por entidades de caráter privado e assim por diante, só que mediante fiscalização; unicamente isso.

Por outro lado, Ver. Ervino Besson, para essas entidades há uma vantagem, porque, muitas vezes, a pessoa está ali há um ano, dois anos prestando serviço e, daqui a pouco, ela entra com uma reclamatória trabalhista dizendo que trabalhava para tal ONG. Entende? Ela é uma proteção, porque ela passa a oficializar o serviço voluntário; só que a pessoa deve ser cadastrada, registrada, com tudo legalizado. Eu penso que isso é uma preocupação que defende a ONG, a entidade privada que faz o serviço voluntário; protege a entidade que presta o serviço público e protege o trabalhador contra uma fantasiosa entidade beneficente que, por meio desse mecanismo, explora trabalhadores.

Nós temos o caso, por exemplo, de cooperativas - o Ver. Ervino Besson deve conhecer - que, inclusive, prestam serviços ao Poder Público e, na verdade, os trabalhadores não são cooperativados e perdem os seus direitos a 13º salário, férias e tudo mais numa pseudo associação à cooperativa.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu caro Ver. Raul Carrion, efetivamente, V. Ex.ª traz à baila um problema gravíssimo. Há algum tempo, chamávamos isso, na nossa imprensa, de “gatooperativas”, quando alguém usava a cooperativa como fachada e explorava os trabalhadores. Quero parabenizá-lo por isso.

 

O SR. RAUL CARRION: Obrigado! Então, eu diria que esses mecanismos, nesses tempos de neoliberalismos, têm vicejado muito. São estágios que, na verdade, não são estágios.

Em 1996, nós tivemos uma Comissão Especial, proposta pela Ver.ª Helena Bonumá nesta Casa, e da qual eu participei, que mostrou como se dá a exploração da mão-de-obra por meio de falsos estágios. Por isso, é preciso que o estágio seja regulamentado. Dá-se o mesmo por meio de cooperativas; é preciso que a cooperativa seja regulamentada. E pode vir a ocorrer através do trabalho voluntário. Então, a precaução que este projeto tem é essa; não é a estatização. Da mesma forma como a fiscalização das cooperativas, a necessidade da inscrição das cooperativas, não é a sua estatização; é o poder da fiscalização do poder público. E se existir algo nesse Projeto que possa induzir a isso, Ver. José Fortunati, então, vamos agora, no processo da discussão, fazer alguma Emenda. Porque em si é necessário que o trabalho voluntário seja regulamentado. E é necessário para o trabalhador, Ver. Isaac Ainhorn, mas é necessário também para a própria entidade, sob pena de torná-la suscetível a futuras reclamatórias trabalhistas, porque as pessoas poderão solicitar isso, mesmo no caso de um trabalho voluntário real.

Portanto, o encaminhamento da Bancada do PC do B é favorável ao Projeto. Mas, sendo sensível e aberto como o sou, percebi preocupações de diversos Vereadores, o próprio Ver. José Fortunati estava manifestando-se nesse sentido; então, que se procure fazer Emendas que aperfeiçoem esse Projeto. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. José Fortunati está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu faço parte de uma vertente da esquerda que sempre defendeu com unhas e dentes a total autonomia entre o Estado e a sociedade; entre o Estado e os movimentos sociais. Por isso, durante quatro anos, como Vice-Prefeito da Cidade de Porto Alegre, me insubordinei contra qualquer iniciativa de regulamentação, via Poder Legislativo, do Orçamento Participativo, matéria muito defendida pelo Ver. Isaac Ainhorn. E quero dizer que continuo contra a regulamentação do Orçamento Participativo por esta Casa, por entender que deva haver total autonomia entre o Estado e a sociedade civil organizada, que, segundo o meu entendimento, tem total autonomia, soberania para se organizar, e, naturalmente buscar a melhor forma de seguir os seus caminhos. Eu não consigo ver qualquer diferença, meu caro Ver. Pedro Américo Leal, entre a tentativa de se regulamentar, de certa forma, o Orçamento Participativo, com o que está sendo apresentado hoje.

O que deseja o Governo Municipal? Deseja, supostamente, criar uma coordenação que vai começar a ver que entidades serão recebidas e quais as que não o serão. Como eu vivi como sindicalista, durante a ditadura militar, eu sei exatamente como a ditadura militar via as entidades sindicais, fazendo essa seleção, inclusive intervindo em entidades sindicais combativas por não estarem de acordo com os dogmas de Brasília. E começo a ficar preocupado quando olho para a Cidade de Porto Alegre e percebo que o Executivo deseja separar as entidades que são “o joio” das que são “o trigo”. Eu fico muito preocupado quando percebo que essa é a vontade do Estado. O Estado pode ser mais progressista ou menos progressista, mas pode mudar o governante e, amanhã, nós poderemos ter uma visão absolutamente autoritária.

O Ver. Raul Carrion levantava aqui as vinculações trabalhistas. É verdade que o Ver. Raul Carrion levanta uma questão que é concreta no nosso Município: nós temos 110 creches conveniadas, uma conquista da sociedade civil organizada desta Cidade, que, num primeiro momento, levava essa reivindicação por intermédio do Conselho Municipal de Educação, depois pelo Conselho Municipal das Crianças e Adolescentes e que hoje passa pelo Orçamento Participativo. É verdade que muitos dos funcionários das creches comunitárias acabam ingressando na Justiça e tendo o seu vínculo empregatício reconhecido, mas não será, Ver. Raul Carrion, por meio deste Projeto de Lei que nós vamos terminar com esse problema; esse problema só deixará de existir se nós terminarmos com os convênios com as creches comunitárias, ao que sou absolutamente contra.

Eu penso que o convênio com as creches comunitárias significou um claro avanço nas relações entre a sociedade civil organizada e o Município de Porto Alegre. As creches comunitárias não dependem, por sua autonomia, do poder Executivo; elas têm autonomia. São fiscalizadas, sim, pela Secretaria Municipal de Educação, dentro de critérios técnicos e não dentro de critérios políticos claramente colocados.

Eu fico preocupado quando nós olhamos a sociedade civil e pensamos que, por meio do Estado, vamos organizá-la, Ver. João Antonio Dib. Veja bem, eu que, ao longo do tempo, tive sempre uma forte relação com a sociedade civil, aprendi, e aprendi muito bem, de que ninguém melhor do que a sociedade civil para se auto-regular, para se auto-regimentar, para se auto-estruturar e, efetivamente, ter condições do seu funcionamento. Sempre que o Poder Executivo, em esfera nacional, em esfera estadual ou em esfera municipal ou em qualquer esfera começa a olhar a sociedade civil e começa a colocar seus tentáculos sobre ela, primeiro, de forma muito tênue, depois aumentando esses tentáculos, quem perde é a sociedade civil organizada. Não tenho qualquer dúvida. Pois faço um apelo à Bancada do Partido dos Trabalhadores que, historicamente, tem defendido total autonomia entre a sociedade civil e o Estado: retirem de Pauta esse Projeto. Se querem aprová-lo com Emendas, que nós possamos fazer essa reflexão num outro momento, porque se for votado da forma como está, este Vereador que historicamente sempre defendeu a autonomia do movimento social em relação ao Estado, votará contra o Projeto apresentado neste momento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é preciso, em determinados momentos, ter nitidez na bruma, no nevoeiro. Ocorre-me aqui que, quando interessa, se regulamenta e, quando não interessa, não se regulamenta. Então, é a regulação das relações, segundo o prisma e uma ótica política, se não ideológica. Isso está posto na raiz. Então passo a discutir que está posto na raiz dessa questão.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ações voluntárias já se desenvolvem em Porto Alegre e com êxito. Num determinado momento, se passa a estabelecer uma coordenação, até não diria para tutelar, mas para observar, sim. Não para tutelar, mas para observar. É muito cartório, Ver. Isaac Ainhorn, é cartório para cá, é cartório para lá, com gerenciamento político. É bom que se firme o entendimento, não há idéia neutra e muito menos projeto neutro. O Projeto busca a regulação de determinada situação no interesse deste ou daquele valor prevalecente. Essa é toda a verdade. Então, examinando aqui este Projeto, chegamos à conclusão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de que se trata de estabelecer uma grande gerência estatal, uma grande gerência municipal, às manifestações espontâneas que se dão nas organizações não-governamentais que estão fazendo o voluntariado. Soma-se a essa preocupação, que é de fundo, é de conteúdo, a criação de um custo. Segue-se a depor, contrário à votação, o custo na criação de um cargo. Isso, para início de conversa, e todo um conjunto de aparelhos que poderão se dar em função dessa coordenação.

Então, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, reavaliando e meditando sobre a matéria, estamo-nos convencendo da inconveniência de se aprovar a presente matéria, porque ela estabelece esses controles que depõem contra a natureza específica da atividade voluntária. As alegações que dizem para ir à Justiça buscar salários é uma colocação perigosa porque se coloca um preconceito àqueles que buscam a justiça. Presume-se que, quem busca a justiça, tem um direito a ser preservado.

Então, fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa manifestação, no sentido de entender que interessa, neste caso, regular; o Orçamento Participativo não interessa. Mas vejam, porque os controles se dão de forma diferente. É preciso ter a nitidez para enxergar no nevoeiro o que se esconde. Não me parece, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que haja dificuldades operacionais no Município de pôr em prática o voluntariado. Há uma Lei Federal estabelecendo o voluntariado. Então, por que se quer criar o cartório? Por que se quer criar a gerência? Para comandar? Para, por meio do Conselho, passar a coordenar as diferentes entidades? É o que está me parecendo. Portanto, estou discutindo contrariamente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

 O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu começo a minha intervenção com uma frase que ouço do Plenário. Se bem ouvi, seria a voz do Ver. Isaac Ainhorn, que dizia assim: "Oposição unida jamais será vencida. " Eu penso que esse é um problema ontológico desse processo, Ver. Isaac Ainhorn. Estou convencido de que esta Câmara de Vereadores, neste momento, não compreendeu o espírito de uma idéia que já tem limites universais. Ver. Humberto Goulart, existe um Dia Internacional do Voluntariado. E a Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, em uma iniciativa do Ver. João Carlos Nedel, que de uma hora para outra resolveu colocar isso para votarmos hoje, sem que pudéssemos ter discutido mais a matéria, está na verdade virando as costas para a possibilidade de que o cidadão que tenha condições de colaborar com a sua sociedade possa fazê-lo. Há uma incompreensão geral. Eu noto, por exemplo, na Bancada dos liberais, porque na verdade, esse Projeto, Ver. Isaac Ainhorn tem uma idéia de que o Estado tem de ser pequeno. Na verdade, tenho contradição com ele, porque entendo que o Estado deva ter servidores, deve ter recursos para suprir todas as necessidades da população. Já não é esse o pensamento dos neoliberais, ou liberais, como queiram, no sentido de que o Estado tem de ser menor. É lógico que eles querem um Estado pequeno para os pobres e um Estado grande para os grandes, para os ricos.

Está havendo uma grande confusão, e a frase do Ver. Isaac Ainhorn, pela sua inteligência, pelo seu brilho pessoal, é emblemática para este Plenário. Ele quis colocar este Projeto que possibilita que aquelas pessoas que podem colaborar com a sociedade o façam como uma disputa da oposição com a Bancada governista. Quando o Ver. Isaac Ainhorn se equivoca dessa forma, quando o Vereador liberal Reginaldo Pujol não compreende essa proposta, que vem, inclusive, de uma esfera que não é nossa, eu tenho, no mínimo, Ver. Isaac Ainhorn, a sensibilidade de ver que esta Câmara de Vereadores não está hoje em condições de votar essa proposta. Nós já votamos aqui uma vez uma proposta relativa à questão do mobiliário urbano, que, depois, num programa, onde participaram quatro Vereadores, 73% da população não concordou com a Lei que aprovamos aqui, que tratava da questão da poluição visual. Esta Câmara de Vereadores não pode, de forma reiterada, virar as costas para os reclames da população; não pode, sob pena de grave responsabilidade com a sociedade desta Cidade, virar as costas para aqueles que precisam de atendimento social, porque é isso que está objetivando a proposta. Há, no mínimo, uma incompreensão de fundo, porque não estamos aqui negociando uma “emendinha” ou outra que vá melhorar o Projeto; há uma incompreensão ideológica sobre este Projeto, há uma incompreensão no sentido da sua importância quando todo o mundo se encaminha para esse tipo de proposta, pelas dificuldades que têm os Estados, priorizado que está o capital financeiro internacional, pagamento de juros, as deficiências que têm as unidades municipais, estaduais ou os países de suprirem as necessidades da população mais carente.

Porto Alegre, sob a justificativa de uma disputa entre a oposição e o Governo, vira as costas para a soberania. E isso tem um preço. Havendo um tamanho número de incompreensões, é no mínimo lógico, é um ato de inteligência que venhamos a não votar hoje esta proposta, que possamos discuti-la de forma mais aprofundada, que possamos completá-la. O que nós não podemos é virar as costas para aqueles que querem ajudar, Ver. Humberto Goulart, como V. Ex.ª repete aqui “a população mais sofrida.” Fazemos um apelo para que esta matéria, retirada a urgência por nós, por meio de um requerimento, possa receber o aperfeiçoamento de todas as Bancadas.

Aquelas pessoas, para concluir, Senhor Presidente, que desejam e que têm condições de colaborar no sentido de minorar o sofrimento dos mais pobres, possam não ser impedidas por um ato, eu digo até irresponsável desta Câmara. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é difícil, muitas vezes, o grande público compreender posicionamentos que aqui ocorrem. Vejam, V. Ex.as que quem apressou o processo de votação do Projeto de Lei do Voluntariado foi o Partido dos Trabalhadores, aqui, nesta Casa. Foi ele quem requereu a urgência para a votação deste Projeto. Ele que, permanentemente, cobrou a votação deste Projeto, e nós amadurecemos, sim, o debate sobre este Projeto e visualizamos nele a vontade, a disposição do Partido dos Trabalhadores, percebendo o veio e a vertente extraordinária do voluntariado, de abocanhar esse veio de ligação com a sociedade civil, assim como fez com o movimento popular através do Orçamento Participativo. Hoje é o instrumento engessado, estatal e sob a tutela do Governo Municipal.

Agora, que o Ver. Juarez Pinheiro percebe o risco de ser derrotado no Plenário desta Casa o Projeto que seria “a menina dos olhos” do Prefeito Tarso Genro, a Liderança do Partido dos Trabalhadores requer a retirada da urgência. Ah! Mas essa urgência foi votada, Vereador; foi votada aqui, no Plenário, e quem autorizou a urgência sob a pressão, do Partido dos Trabalhadores, foi o próprio Líder do PT desta Casa.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Primeiro, agradeço. Segundo, foi votada a urgência, sim, a pedido deste Líder. Terceiro, estamos atendendo pedido de Vereadores que querem discutir mais, cito o Vereador...

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu tenho uma idéia para isso, muito mais substantiva, e aqui eu até invoco o Ver. Beto Moesch que, certamente deve estar no Plenário, que é uma pessoa que tem feito alguns movimentos sociais, algumas movimentações não instrumentalizadas pelo populismo do PT, usando a máquina da Prefeitura, a FASC e outros instrumentos, mas apenas e tão-somente em homenagem a ele, do seu mandato. Sim, se o PT não quer, retire o Projeto e vamos fazer um Fórum Municipal do Voluntariado aqui nesta Casa. Aí nós vamos amadurecer com a participação, sim, das organizações não-governamentais daqueles que já têm uma participação efetiva nesse trabalho.

Este Projeto, convenhamos, é mais um instrumento de tutela do Estado sobre o movimento social, sobre as organizações não-governamentais, basta ler o art. 2º: (Lê.) “Para os efeitos desta Lei, considera-se voluntariado o serviço prestado por pessoa física, no âmbito do Município, e as ações desenvolvidas por organizações não-governamentais em parceria com o Município”. Vejam o que representa isso nas mãos do Governo, ele quer dominar a estrutura do voluntariado. Estamos, sim, amadurecidos; queremos votar hoje este Projeto, o PT quer tomar conta e quer monitorar o voluntariado em Porto Alegre, e a isso os Vereadores dirão não.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu agradeço a V. Ex.ª por permitir-me um aparte, porque nós precisamos debater mais.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Agora V. Ex.ª quer debater. Há algum tempo, estava pressionando a velocidade do Projeto, pedindo a urgência.

 

O Sr. Adeli Sell: Vereador, quando nós estamos falando em parceria, nós estamos falando que há uma iniciativa do voluntário de relação ao Poder Público. Ninguém é proibido de fazer trabalho voluntário em qualquer lugar que seja, é uma maneira de preservar para que não ocorram reclamatórias trabalhistas, que seja feito de forma transparente, dentro do espírito que o Poder Público faz; quem não quiser fazer um trabalho voluntário não é obrigado, o nome já diz, é voluntário. V. Ex.ª leu no final: “Em parceria com o Município”.

 

O SR. ISAAC AINHORN: É tão tutelador e é tão temerário este Projeto, que, no art. 7º, consta: (Lê.) “Que o prestador de serviço voluntário deverá demonstrar que possui meios próprios de subsistência”. Vejam, a que ponto chegou, não há nenhum artigo que sirva neste Projeto, tirante aqueles que já estão criando cargos. Para isso, o Governo e o Partido dos Trabalhadores estão criando cargos. Já abriram mão de cargos até para aprovar o Projeto, porque eles têm tantos que estão dispostos a isso. Eu penso que, soberanamente, o Plenário desta Casa vai decidir. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Saudamos o Deputado Estadual Cézar Busatto, que nos visita na tarde de hoje. Seja bem-vindo, Deputado.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto, para discuti-lo, nós precisamos olhar o cenário, o pano de fundo que vivencia o nosso País, que vivencia o mundo, principalmente o Terceiro Mundo e, dentro desse contexto, está a nossa Cidade. Ninguém, Ver. Juarez Pinheiro, de sã consciência, pode ser contra o estímulo à solidariedade. É evidente que todos nós incentivamos e achamos que este terceiro setor, que dentro está o voluntariado, é aquele que tem dado mais certo do que os entes estatais. Os entes estatais, Ver. Humberto Goulart, estão falidos, do ponto de vista das políticas de inclusão social. E o voluntariado, que é o terceiro setor, tem ampliado justamente por ser voluntariado. E, aí, eu quero trazer à tona algumas questões que o discurso não casa com a prática.

Eu olho pela Av. Ipiranga, mais precisamente na Av. Getúlio Vargas, e vejo uma entidade com mais de 70 anos de existência, chamada Sopa dos Pobres, que tinha um convênio pequeno com o Município. Eu vim à tribuna, várias vezes, o Presidente Fernando Záchia, várias vezes, e o convênio está cortado há um ano com aquela Entidade, que atende centenas e milhares de pobres desta Cidade. E, aí, o Governo Municipal fala em voluntariado no discurso, mas, na prática, corta o convênio com aqueles que são as entidades voluntárias, que prestam enormes serviços.

Cento e poucas creches, conveniadas, é muito pouco, para uma cidade que têm milhares de crianças que não têm creches nesta Cidade, dadas pelo Poder Público, e não tem dinheiro do Poder Público para o convênio com elas. Desculpe-me, Ver. Adeli Sell, mas o discurso tem sido uma coisa e a prática tem sido outra.

Eu vou voltar para a questão do Orçamento Participativo. Eu sempre ouvi da Bancada do Governo que o Orçamento Participativo dá certo, porque não está atrelado ao Governo. Se atrelar ao Governo, não vai dar certo. Então, eu não estou entendendo, se, de um lado, a Bancada do Governo defende uma tese de que o Orçamento Participativo não deve ser atrelado ao Governo, mas quer atrelar as ações do voluntariado. Então, a pergunta que fica é a seguinte: onde está a coerência, quando defende a não regulamentação do Orçamento Participativo e defende a regulamentação do voluntariado?

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço muito Ver. Sebastião Melo, porque eu sou um grande defensor da autonomia, da liberdade sindical e das entidades. Eu sou contra o Estado tutelar qualquer entidade. Há uma história que eu sempre defendi. Eu não vejo, no Projeto nenhuma linha, nenhum artigo, que faça essa vinculação. Eu já tentei dialogar com o Ver. Isaac Ainhorn sobre essa questão, ninguém é obrigado a se vincular a essa ou àquela entidade, mas se há um trabalho voluntário, onde o Município tem parceria com as entidades para que não haja a questão do vínculo trabalhista, como V. Ex.ª - como advogado - sabe que pode haver, nós estamos fazendo este Projeto. Se há um problema de redação, peço que V. Ex.ª faça então uma correção de linguagem ou de adequação de redação.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Mas eu vou mais além. A Lei Federal que regulamenta o voluntariado já preserva essa questão de direito trabalhista, V. Ex.ª sabe disso, a lei está aí. A lei vale para o Acre, mas vale para o Rio Grande do Sul também. Por favor, me dê outros argumentos, esse não. Esse está resolvido! Porque esse, a Lei Federal resolveu. Na verdade, nesta gestão, eu não sei como vai ser, porque ela recém está começando, mas as gestões dos três últimos Prefeitos da Frente Popular têm tido um discurso de inclusão social, mas, na prática, têm trabalhado pelo asfalto da Cidade e a inclusão tem ficado de lado.

Então, nós acreditamos que este Projeto tem de ser discutido do ponto de vista da falta de políticas públicas da Prefeitura de Porto Alegre para a área de inclusão social. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos registrar, para efeito de Ata, que o Ver. Isaac Ainhorn falou em tempo cedido pelo Ver. Humberto Goulart.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos assistem das galerias e quem nos assistem pela TV Câmara, saúdo a todos. Nós, que somos pessoas que temos um grande vínculo e temos um trabalho voluntário com as comunidades, depois de ouvirmos vários manifestações desta tribuna, estávamos dizendo ao Ver. Juarez Pinheiro que este Projeto é um pouco pior do que pensávamos. Retirar a autonomia da sociedade civil organizada, Ver. Pedro Américo Leal, a sociedade civil organizada presta um grande trabalho social. Quem se envolve com o trabalho junto às comunidades sabe disso, é a realidade o que estou falando aqui. Agora, eu não concordo em retirar isso das comunidades, centralizando num órgão público. Assim, nós estamos retirando a possibilidade das pessoas trabalharem voluntariamente. Que belíssimo trabalho a sociedade civil organizada presta nesta área, Ver.ª Helena Bonumá. Posso citar vários exemplos aqui de contribuição. Há pessoas que querem contribuir para a SPAN ou para o Asilo Padre Cacique. Essas entidades assistências sobrevivem só com contribuições voluntárias. Agora, retirar isso da comunidade, centralizando num órgão público, nós sabemos das dificuldades que há num órgão público. Nós não podemos menosprezar o trabalho que vem sendo feito, ao longo da história, junto à sociedade civil organizada.

 

A Sr.ª Helena Bonumá: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nós, na realidade, com este Projeto, não estamos retirando da sociedade a capacidade de praticar a ação voluntária autonomamente em relação ao Estado. Nós apenas estamos regulamentando, regularizando de que forma ela pode ser praticada junto ao Estado. O que estamos fazendo, Ver. Ervino Besson, vai ao encontro de sua preocupação, que é a de abrir mais uma frente para o trabalho voluntário em Porto Alegre. São ações complementares que vem no sentido de ampliar a possibilidade da ação voluntária na Cidade.

 

O SR. ERVINO BESSON: Ver.ª Helena Bonumá, eu não entendo nesta linha como V. Ex.ª está expressando. Creio que este é um Projeto que deve ser amplamente discutido para que possamos, de uma forma tranqüila, votarmos consciente de acordo com o que a sociedade civil organizada espera.

O Ver. Adeli Sell expressou aqui: “evitando uma avalanche de reclamatória trabalhista contra os órgãos públicos”, que seria o Executivo Municipal, onde essas pessoas são cadastradas para prestar o seu trabalho voluntário. Portanto, no entender deste Vereador, este Projeto, da forma como está, não tem condições, em hipótese nenhuma, de ser votado e aprovado, porque estamos, aqui, votando este Projeto retirando do trabalho aqueles nossos voluntários que prestam apoio diariamente em muitas entidades da nossa cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, as questões de projetos, pedido de urgência, retirada de projetos faz parte da nossa democracia interna. Tanto da Bancada de oposição quanto da de situação, é um ato completamente normal nesta Casa, mas a oposição raivosa, vem aqui e faz um escândalo, como se estivesse fazendo um ato terrorista, Vereador. Como se isso fosse algo excepcional! Isso faz parte da democracia interna desta Casa e que todos os Partidos têm direito de fazê-lo, até mesmo pela responsabilidade que temos no trato dos assuntos que aqui estamos fazendo. Se temos que melhorar o projeto, adequá-lo, isso, sim, faz parte da nossa responsabilidade.

Aliás, Ver. João Carlos Nedel, as políticas sociais, para nós que lutamos e temos como prerrogativa a questão da exclusão social, não vêm no sentido do acesso às migalhas e favores, fantasiando o Estado como fonte inesgotável de recursos para todas as assistências imagináveis. O que estamos fazendo aqui é uma parceria fundamental, inclusive, orientada pela Constituição Federal. Isso é mais um motivador para que os trabalhos voluntários já existentes sejam fomentados. É responsabilidade, do Município regular, já que aqui se dão as relações entre o Município e os voluntários, para que, sob pena do trabalho prestado à comunidade, esses prestadores não venham, entrando na justiça, a ser incorporados no próprio quadro do funcionalismo público municipal. Então, isso, sim, é uma responsabilidade e nós temos que discutir.

Agora, o que nós vemos nesta Casa, Ver. Juarez Pinheiro, é que qualquer ato que nós façamos, nós sabíamos o que tem por traz. O Ver. Raul Carrion, hoje, demarcou e orientou o que está acontecendo e nós todos sabemos: dois projetos antagônicos, e um dos projetos que aqui defende o neoliberalismo e a globalização, agora tem alguns setores que, inclusive, vem aveludado de socialista, Ver. Raul Carrion. É isso que tem de ser denunciado, o fisiologismo eleitoral, o oportunismo pensando no ano que vem, pensando em, mais uma vez, uma forma de escamotear e usar o dinheiro público em criações de novos cargos, como o caso da Assembléia Legislativa e mesmo desta Casa. É democrático, é legal? É! Mas é muito imoral e nós sabemos muito bem a que vem. A oposição vem aqui falando grosso, se preparando, se articulando, porque nunca aceitaram a derrota que tiveram, tanto em Porto Alegre, nos quatro anos de Administração Popular, como no Estado do Rio Grande do Sul, onde temos um homem honrado, como Olívio Dutra à frente do Governo Estadual. E queremos reafirmar, com o cunho desses projetos, a nossa radical postura frente à inclusão social que nós temos e ninguém vai nos calar na luta que temos pela frente, para derrubar a corrupção deste País, com o apoio de muitos segmentos desta Casa. Muito obrigada.

 

(Revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com palavra para discutir o PLE nº 005/01 por cessão de tempo da Ver.ª Maria Celeste.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, volto à tribuna para continuar a discussão necessária, sem passionalismos, sobre o Projeto de Lei apresentado pelo Executivo Municipal que regulamenta o trabalho voluntário na nossa Cidade. Ontem, por exemplo, a Folha de São Paulo, como costumeiramente o faz, publicou um Caderno Especial sobre voluntariado. Uma emissora de rádio, desta Capital, trabalhou este ano – porque é o Ano internacional do Voluntariado – com essa questão; inúmeras pessoas, entidades, fizeram movimentos no sentido de mostrar a importância do terceiro setor para uma vida mais digna dos cidadãos desta Cidade, deste Estado e da nossa Pátria.

Não consigo entender, com toda a sinceridade, colegas Vereadores, que se façam as leituras do Projeto de Lei que aqui estão sendo feitas. Não há nenhuma tentativa - por mais que forcemos a leitura - oposicionista, eu diria, de que queiramos tutelar as ONGs, as entidades e o trabalho voluntário. Nós temos uma tradição, as senhoras e os senhores podem nos criticar por muitas questões, mas criticar a visão petista como tuteladora, me desculpem os senhores. Nós nascemos em oposições a posições do stalinismo, o Ver. Isaac Ainhorn sabe muito bem.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª Permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, sei muito bem que a vertente que gerou o Partido dos Trabalhadores, nos seus primórdios, foi a vertente da luta contra o autoritarismo e o stalinismo. Essa era a posição hegemônica. Infelizmente, e quero registrar aqui, eu, que tenho sido um lutador em relação ao Orçamento Participativo, em outros aspectos, sobretudo em relação ao Orçamento Participativo e aos movimentos sociais, o PT tem tutelado e estatizado esse processo de discussão. E as denúncias trazidas aqui, do ponto de vista do perfil de uma discussão política, pelo Ver. José Fortunati, são fundamentais para a compreensão desse processo.

 

O SR. ADELI SELL: Eu tentei também dialogar com o Ver. José Fortunati que, por sinal, como o Ver. Beto Moesch, já concordaram que não votemos a questão hoje. Solicitei e quero apelar ao Ver. Isaac Ainhorn, que é advogado, se o problema está na redação da forma como nós escrevemos, proponham alternativas, vamos discutir.

O que não podemos aceitar é que já fizemos uma discussão aqui, nos momentos de Pauta – lembro-me de ter falado duas vezes, em Pauta, sobre este assunto - e este é o Ano Internacional do Voluntariado, portanto, todo e qualquer Vereador aqui, Ver.ª Clênia Maranhão - discutiu essa questão. Eu queria apelar, inclusive para V. Ex.ª, que tem ligações profundas com entidades sociais, qual é o problema, minha cara Vereadora, com este Projeto? Minha cara Ver.ª Maria Celeste, onde está escrito que nós vamos tutelar entidades? V. Ex.ª sabe o quanto nós temos parcerias com creches comunitárias e o quanto isso é importante para a Cidade. E as pessoas que trabalham voluntariamente com essas instituições não vão se vincular ao Executivo.

O Executivo faz, com este Projeto, uma precaução, para que não se utilize de algum subterfúgio de alguma pessoa ou de algumas pessoas de trabalharem numa instituição e depois pedirem vínculo com a Prefeitura de Porto Alegre. Nós sabemos, Ver. João Antonio Dib, o quanto isso custou para a Prefeitura de Porto Alegre, quando os contratos não eram muito claros em relação aos motoristas que prestavam serviços pagos, inclusive à Prefeitura, e depois que locavam seus carros, conseguiram o vínculo. Nós estamos, responsavelmente, tentando essa precaução. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, nós estamos discutindo um Projeto do Executivo que chegou a esta Casa, portanto, encaminhado pela Prefeitura, que trata do serviço voluntário no Município de Porto Alegre e dá outras providências. É impressionante analisar este Projeto. Porto Alegre é uma Cidade que tem uma tradição de trabalho voluntário enorme. A rede de solidariedade que se estabelece entre as entidades da sociedade civil tem permitido que, na área da saúde, da assistência, da educação, esse atendimento, que é dado a uma parcela representativa da população de baixa renda, seja feito por pessoas que dedicam parte do seu tempo em trabalho voluntário.

O crescimento do trabalho voluntário, no Brasil, gerou, inclusive, a necessidade de uma legislação, em 1998, que é, em muito, resultante de uma experiência desenvolvida no Rio Grande do Sul, por meio de uma ONG, a Parceiros Voluntários, que é uma entidade não-governamental, sem nenhuma vinculação com qualquer setor do Governo, que procura possibilitar a ocupação da mão-de-obra voluntária, de pessoas que tenham tempo disponível, para que elas possam exercer suas atividades, contribuindo com as entidades não-governamentais.

Todo o período da minha ação na sociedade civil de Porto Alegre, antes de me tornar Vereadora, foi feito nas entidades não-governamentais, e sabemos da importância e do significado desta ação. Porém, este é um Projeto inadmissível de ser aprovado, é impossível compactuarmos com o conteúdo político-ideológico contido neste Projeto.

Como temos pouco tempo, vou só fazer uma pergunta, e, seguramente, como estamos falando para o Canal-16, há pessoas que trabalham no terceiro setor, nas entidades não-governamentais, nas creches, nos asilos, pessoas que trabalham na área da segurança, da justiça, dos direitos humanos, como voluntárias: o que achariam estas entidades se fosse criada no Município de Porto Alegre uma coordenação vinculada ao Gabinete do Sr. Prefeito Municipal? E que esta coordenação fosse formada por cargos em comissão, por pessoas em cargos de confiança do Prefeito? Evidentemente, quando um Prefeito coloca alguém num cargo de confiança, dentro do seu gabinete, está colocando um militante partidário do seu Partido, e estas pessoas teriam de coordenar as ações do serviço de voluntariado no Município de Porto Alegre. Será que haveria isenção na forma de tratar as entidades quando elas fossem, por exemplo, cumprir a sua responsabilidade? E se a missão da entidade for, exatamente, garantir uma melhor política de segurança pública? Será que, se uma entidade tivesse como missão a garantia da implantação de políticas públicas na área dos direitos humanos e criticasse o grau de violência que acontece nas ruas de Porto Alegre, ela deveria submeter-se a uma coordenação com cargos em comissão, cargos de confiança, dentro de um gabinete de um Prefeito? Isso seria o fim do caráter específico das entidades do 3º setor, que não têm a função de substituir o Estado; elas têm a função específica das entidades do 3º setor, que é a de preencher as lacunas e pressionar o Poder Público para o desenvolvimento das suas funções.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O tempo de V. Ex.ª terminou. O Ver. Antonio Hohlfeldt se inscreve e lhe cede o seu tempo.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Agradeço ao Ver. Antonio Hohlfeldt pela cedência do seu tempo. Eu queria retomar esse raciocínio, dizendo que uma grande parte das entidades do 3º setor, onde atuam pessoas voluntárias, são entidades que surgiram no Brasil na década de 60. Quem não lembra o papel de entidades, muitas das quais apoiadas pela Igreja, que, na década de 60, cumpriam uma função fundamental na luta pela anistia, pelos direitos humanos, que desenvolviam um papel de criticidade em relação aos governos? Imaginem uma entidade como o Movimento dos Direitos Humanos, que trabalha com as vítimas da violência, uma entidade que trabalha contra a violência em relação às mulheres. Essas, normalmente, são entidades que têm, dentro do seu corpo de militantes, pessoas voluntárias; imaginem elas ficarem sob o tacão de uma coordenação de cargos em comissão dentro do gabinete do Sr. Prefeito? Isso fere absolutamente o princípio, a luta da autonomia das entidades da sociedade civil.

As pessoas militam nas ONGs, nas organizações não-governamentais, que nós chamamos de 3º setor. Então, vamos lembrar por que chamamos essas organizações de 3º setor. Essa é uma denominação vinda da área econômica que estabelece que o 1º setor é o setor estatal, o 2º setor é o da iniciativa privada e o 3º setor seria, exatamente, o setor composto pelo trabalho das organizações não-governamentais, que não é do 1º, não é do 2º setor, mas que é de um setor independente que trabalhará, de uma forma integrada, com as normas da sociedade.

Portanto, este Projeto não deve ser aprovado pela Casa, pois expele uma concepção que tem-se enraizado, infelizmente, na Prefeitura que é a tentativa de atrelar as entidades aos interesses políticos do Poder Executivo de Porto Alegre.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Clênia Maranhão, quero parabenizá-la pelo seu discurso e dizer que essas entidades não-governamentais, que surgiram, funcionam porque as pessoas que estão ligadas a elas sabem que elas não possuem ligação com os órgãos públicos. Elas funcionam bem da forma como está funcionando hoje! Por isso, Ver.ª Clênia Maranhão, nós achamos que este Projeto, da forma como ele está, em hipótese nenhuma vem ao encontro daquilo que a população pensa. Sou grato a V. Excelência.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Obrigada, Vereador! Vou ler o art. 3º deste Projeto: (Lê.) “As ações de voluntários a serem incentivadas devem estar integradas às políticas públicas.” E se elas forem críticas às políticas públicas? A maioria das políticas públicas, infelizmente, neste País, estão longe de atender aos objetivos e aos interesses da população.

O papel das entidades não-governamentais, onde militam os voluntários das causas sociais, é, muitas vezes, o de pressionar a existência da política pública concreta e efetiva. O papel das pessoas que militam voluntariamente no 3º setor é, exatamente, por meio de suas ações voluntárias, cumprir o seu papel de cidadania de questionar as políticas públicas ineficientes. Mas se este Projeto do Executivo for aprovado, na verdade, isso se constitui numa amarra à liberdade de organização das pessoas que questionarão, nas suas entidades, as políticas públicas de um tipo de governo.

Seria, na verdade, um contra-senso, um Projeto que anda na contramão da história, porque o crescimento do 3º setor é, exatamente, a compreensão de que a sociedade, de uma forma autônoma e independente, tem uma contribuição a dar na garantia dos direitos das pessoas de uma cidade ou de um país.

Muitos outros argumentos já foram usados, mas eu queria, ainda, ler um inciso do art. 5º que diz assim: “Para o estimulo às ações do voluntariado, compete ao Município desenvolver cursos, capacitando os agentes públicos municipais a trabalharem nos projetos voluntários.”

Isso quer dizer que quem não estiver na cartilha do poder público, não poderá, seguramente, fazer parte dos convênios que se sucederão, como em qualquer sociedade, também aqui na Cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PLE nº 005/01.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, eu quero fazer, aqui, um debate. Penso que na nossa Câmara, alguns Vereadores vão ter de dar algumas explicações, vão ter de escolher uma linha de raciocínio. Há os que vêm aqui e afirmam: “O PT não regulamenta o OP, porque, assim, pode tutelá-lo.” Esse é um enunciado. O segundo enunciado é: “O PT regulamenta o voluntariado para poder tutelá-lo.” Ou os dois enunciados estão errados, ou não há lógica nenhuma! Eu vou falar de um axioma, aqui, Ver. Nedel, a V. Ex.ª, que entende de Lógica: “Duas coisas iguais a uma terceira são iguais entre si.” Ou V. Ex.ª está dizendo que o voluntariado é igual ao OP ou o OP é igual ao voluntariado. E não são coisas iguais. Mas V. Ex.as estão fazendo essa mistura, estão misturando porque o Orçamento Participativo é um atributo do Executivo quando recomenda a participação, que é legal pela Lei do Orçamento, que é legal pela Constituição. Para quê? Para que a população, organizadamente, instrua a peça orçamentária que vem para o Executivo. Essa é a diferença.

As organizações voluntárias existem independe do governo e virão associar-se e conveniar-se com o governo que quiserem. E mais: o que V. Ex.as estão fazendo aqui é um ataque violento. A quê? À possibilidade de se estimularem parcerias individuais, aos milhares, na Cidade: profissionais aposentados, professores, dentistas, médicos, que poderão ser regulamentados a partir desse processo. Estão fazendo isso.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou tentar, em 10 segundos, expor a minha idéia. Vou ser rápido. Eu apenas quero dizer o seguinte: V. Ex.ª, que foi forjado dentro da dialética marxista, sabe muito bem compreender as diferenciações, e agora está trabalhando na lógica idealista. V. Ex.ª tem de trabalhar na dialética marxista, ou a peça em regulamentação nasceu lá no gabinete do Prefeito, e, agora, como o movimento social criou o voluntariado sem a tutela, o Governo de V. Ex.ª quer sobre ele colocar a tutela. Fecha aquela compreensão da dialética marxista, onde V. Ex.ª se formou.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Eu me formei em dialética, mas sou um livre pensador. Eu leio todos os autores, autores de direita e autores de esquerda. Certamente há pessoas aqui que lêem só alguns autores, mas eu quero-lhe dizer que a minha formação é de esquerda humanista. E mais, volto a provocá-los: V. Ex.as têm de escolher entre os enunciados e não ofusquem, não tornem nebulosa a questão. Ou existe o enunciado de que o Orçamento Participativo é tutelado porque não tem regras, e aí os Senhores querem impor regras; então, para mudar um tutelador ou o tutor, a tutela passa a ser da Câmara. Então, isso é uma lógica. Ou o voluntariado vai ser tutelado porque tem regulamento. Isso é uma questão absolutamente contraditória; é contraditório o pensamento de V. Ex.as.

Vou-lhes dar um exemplo de premissas verdadeiras com conclusões falsas. Eu vou falar de uma premissa verdadeira, Ver. João Dib, homem da Engenharia: “Todos os alemães são europeus.” É um enunciado verdadeiro, ou não é, Ver. Cassiá Carpes? “Todos os ingleses são europeus”, outro enunciado verdadeiro. Agora, as conclusões de V. Ex.as, sabem qual seriam? “Logo, todos os ingleses são alemães”. Ora, meus companheiros Vereadores, os Senhores estão fazendo, na verdade, é um conjunto de confusões com tautologias, com lógicas e premissas que não correspondem à realidade! O poder do Poder Executivo de consultar a população é determinação constitucional, e o Prefeito o faz para fazer a sua peça para mandar para a Câmara de Vereadores, e os Senhores dizem, repetidamente - aqueles que querem -: “O Governo não quer regulamentar o Orçamento Participativo para poder tutelá-lo.” Agora, se regulamentar, não está tutelando, mas o voluntariado regulamentado está tutelado! Ou então alguém quer tutelar e não quer dizê-lo! Essa é a verdade. Volto a lhe falar dos axiomas: os axiomas são premissas que não são necessariamente provadas; “se duas coisas são iguais a uma terceira elas são iguais entre si.”

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Estilac Xavier, talvez eu vá tentar ajudar nesses axiomas que V. Ex.ª coloca.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Comunico ao Plenário que o Ver. Pedro Américo Leal se inscreve e cede o seu tempo ao Ver. Estilac Xavier por mais 5 minutos, e o Ver. Luiz Braz pode prosseguir com o aparte.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Muito honrado, Ver. Pedro Américo Leal. Agradeço a V. Ex.ª e retribuirei a gentileza assim que for possível.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Vou tentar, pelo menos, ajudar V. Ex.ª, que é muito inteligente, nos axiomas que coloca para a análise do Plenário. O Orçamento Participativo é um segmento que o PT domina desde o início, então não há por que regrar. Agora, o voluntariado é um segmento que o PT não domina, então quer colocar regras em cima desse segmento. É muito fácil compreender esses axiomas que V. Ex.ª coloca. Um está dominado pelo PT, o outro ainda não está dominado pelo PT.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Agradeço muito por sua intervenção e colaboração, Ver. Luiz Braz, mas volto a repetir: algo de errado há! Algo de errado há! Eu vou voltar: há que se regulamentar o Orçamento Participativo porque senão ele fica sob a tutela do Governo. Então, talvez esteja-se querendo puxar a tutela para outro lado. Há que se regulamentar não o voluntariado, porque senão fica sob a tutela, mas quem disse que o voluntariado existe por vontade do PT ou do Governo? Essa é uma realidade imposta pela associação das pessoas que querem prestar serviço! O que nós estamos tratando aqui é da relação de uma instituição da qual fazemos parte, que o próprio Legislativo é parte. O art. 1º da lei está lá dizendo: “Compete ao Município” - quem é o Município senão o Poder Legislativo e o Poder Executivo? – “estimular as ações de parceria e voluntariado.” Estão abrindo mão de estimular que professores, engenheiros, arquitetos venham trabalhar porque pode haver um processo de relação, Ver.ª Clênia Maranhão? É disso que estamos tratando?

Terá essa lei o poder de interferir em quem vai ser voluntário, com quem ele vai parcerizar? É evidente que não. Então, a luta é outra. Aí, a luta é outra. Há um conteúdo ideológico, destaque-se aqui, embora com conclusões e premissas falsas, mas que são as do Ver. Isaac Ainhorn, que começou, desde o início, a discutir e a questionar essa questão. Agora existem as associações que vieram ao longo do tempo. Mas a título de que e sob que interesse? De preservar a autonomia das ONGs? Mas uma lei municipal, simples como essa, que nem lei complementar é, tem o poder de interferir no tipo de organização que pessoas possam, voluntariamente, se associar para prestar o serviço que quiserem dentro da lei? Nós estamos tratando aqui de estabelecer a relação entre o Poder Executivo, um dos membros do poder local municipal, com qualquer pessoa ou qualquer entidade.

Mas me expliquem isto: que elemento que se interpôs? Qual é o interesse que está sendo preservado? Há alguma empresa de grande porte que está preocupada que possamos interferir nos seus negócios a partir disso? Não acredito. Há alguém que foi atingido pelo fato de que o Governo quer ter da Câmara Municipal um instrumento legal para relacionar, regulamentar e disciplinar a sua posição em relação aos indivíduos e às entidades para poder melhor prestar o serviço de voluntário? É claro que não. Eu volto a lhes dizer: não estamos aqui travando uma disputa sobre os que querem tutelar e os que querem a autonomia do movimento. Não é esse o debate, porque se fosse esse o debate, imediatamente, teríamos que vir aqui produzir agora uma discussão sobre o que falou há pouco o Ver. Luiz Braz, que não tem de regulamentar o Orçamento Participativo. Ele já está disciplinado pela Constituição local, e tem mais, é prerrogativa do Prefeito. Isso nasce da vontade política e ideológica de um grupo, como nasceu em Pelotas, do Prefeito da época lá, que tinha uma forma específica de fazer. Essa é a forma específica de Porto Alegre fazer.

Duvido que algum dos senhores, se regulamentássemos aqui o Orçamento Participativo, procederiam como se faz no Orçamento em Porto Alegre, porque isso envolve pessoas, militâncias que vão acordando de manhã cedo, sem feriado, sábado ou domingo, porque significa constituir uma rede social que ninguém enxerga, porque ela é feita com as comunidades e que não tem nada a ver com as associações e que ela é contra os líderes e etc.

O Orçamento Participativo não veio para criar associação, ele vem para organizar a cidadania voluntária para estabelecer a discussão sobre a peça orçamentária e a prioridade dos recursos. Será que ninguém desconfiou ainda que é isso? E que lá pode ter assento qualquer pessoa, qualquer partido ou associação? Mas isso é uma questão de definição conceitual e eu volto a dizer: inglês é europeu, alemão é europeu; a conclusão dos senhores é de que inglês é alemão. Não dá! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Encerrada a discussão. Em votação nominal, por solicitação do Ver. Antonio Hohlfeldt, o Requerimento, de autoria do Ver. Estilac Xavier, solicitando que o PLE nº 005/01 seja retirado do regime de urgência, conforme o art. 162 do Regimento. Em votação. (Pausa.) (Após votação.) REJEITADO, a retirada de urgência, por 11 votos SIM e 17 votos NÃO.

Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Pedro Américo Leal, o PLE nº 005/01. (Pausa.) (Após a apuração.) REJEITADO por 11 votos SIM e 17 votos NÃO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2716/01 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 060/01, de autoria do Ver. Cassiá Carpes, que denomina "Espaço Vereadora Teresa Franco" o "T Cultural da Câmara Municipal de Porto Alegre", situado no segundo pavimento do Palácio Aloísio Filho.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em discussão o PR nº 060/01. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Cassiá Carpes. (Pausa.) (Após a apuração.) APROVADO o PR nº 060/01 por 23 votos SIM.

 

VOTAÇÃO NOMINAL

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05minutos/sem aparte)

 

1º TURNO

 

PROC. 0799/01 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/01, de autoria do Ver. Raul Carrion, que acrescenta dispositivo à Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (Reserva de vagas para mulheres em programas habitacionais.) Com Emendas nºs 01 e 02.

 

Parecer:

- da Comissão Especial: Relator Ver. Sebastião Melo: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA, em ambos os turnos - art. 130 do regimento da CMPA;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação Requerimento, de autoria do Ver. Raul Carrion, solicitando o adiamento da votação, por uma Sessão, do PELO nº 001/01. Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando que seja votado, primeiramente, o PELO nº 006/00, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá, em 1ª Sessão, e, logo após, votaríamos todos os projetos que denominam nomes de ruas, na Cidade de Porto Alegre.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. João Carlos Nedel. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1962/00 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 006/00, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá, que inclui parágrafo único no artigo 75 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (matéria ECA/CMDCA)

 

Parecer:

- da Comissão Especial: Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- discussão geral nos termos do art. 130 do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em discussão o PELO nº 006/00. (Pausa.) Encerrada a 1ª Sessão de discussão.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1774/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 099/01, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que denomina Rua Adão Gregory um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Águas Claras.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da  CUTHAB. Relator Ver. José Fortunati: pela aprovação do Projeto;

- da  CECE. Relatora Ver.ª Maria Celeste: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em discussão o PLL nº 099/01. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação o PLL nº 099/01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2088/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 121/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Falcão um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Jardim Carvalho.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D'Avila: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Haroldo de Souza: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em discussão o PLL nº 121/01. (Pausa.)

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu consulto o autor do Projeto e gostaria de saber se ele está homenageando o craque ou um pássaro? Realmente, para votar, eu preciso saber.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Exposição de Motivos é clara, é a um pássaro, Ver. Juarez Pinheiro. V. Ex.ª sabe que o jogador de futebol, felizmente ainda vivo, não pode ser homenageado.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLL nº 121/01.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, mesmo às 18h37min temos que cumprir nossas tarefas. Na Comissão de Constituição e Justiça, quando eu aprovei o Parecer do Ver. Nereu D’Avila, eu coloquei: “Com restrições quanto ao mérito”.

Quero deixar muito claro o seguinte: eu acho que estamos cometendo, Ver. João Carlos Nedel, com toda a honestidade e a lisura de quem lhe quer muito bem, um grande equívoco quando estamos denominando uma série de ruas na Cidade com o nome de aves, a maioria das quais sem nada a ver com a cidade de Porto Alegre.

De qualquer sorte, o seu Projeto está indo à votação, certamente será aprovado, mas quero fazer este registro. E o faço, honestamente, porque não costumo não ser transparente nos meus atos. Tenho oferecido, sistematicamente, na Comissão de Justiça, restrições quanto ao mérito, porque honestamente entendo que é um equivoco o que estamos fazendo, comprometendo uma série de ruas da Cidade de Porto Alegre que poderiam servir para serem denominadas com nomes de pessoas que merecem ser homenageadas e acabam se transformando em rua Falcão, Beija-Flor e toda a espécie de aves que conhecemos na cidade de Porto Alegre .

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, eu só estou cumprindo pedido e orientação da comunidade do Loteamento Teófilo de Azambuja que foram feitos em reunião de uma Assembléia-Geral da sua associação. Isso veio assinado, conforme os pedidos da comunidade; portanto, estou só cumprindo orientação dessas comunidades.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu não desconheço isso, Vereador, sei que está colocado, aqui, no documento. É um documento assemelhado que acompanha vários outros projetos e que, certamente, traduz uma vontade de moradores de um bairro que cansaram de ter rua 16, rua 15, rua 17, rua 28, rua 31 e que aceitariam, de bom grado, uma denominação para essas ruas e que, certamente, ficariam muito satisfeitos se, em vez de Falcão, de Beija-Flor ou coisa semelhante, tivessem, denominando as ruas, nomes de pessoas que mereçam ser homenageadas. É essa a nossa colocação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PLL nº 121/01.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, vim discutir essa matéria porque uma prática que temos feito nesta Casa é honrar os nomes das ruas com figuras ilustres da Cidade, sejam elas do conhecimento mais público, às vezes não, até porque se criou um mecanismo de abaixo-assinados para que se pudesse implementar um nome de uma determinada rua. E há, Sr. Presidente, um déficit, hoje, na Cidade, de ruas para homenagear, inclusive, pessoas ilustres, cujo nome merece estar plasmado em logradouros. Vou citar um caso. Esses dias eu fui consultado se existe alguma rua que tenha o nome do nosso ex-Prefeito Célio Marques Fernandes? Esses dias nós tivemos que colocar aqui na Usina do Gasômetro, se não me engano, o nome do nosso ilustre ex-governador Synval Guazzelli e sei que agora o Executivo está mandado o nome do jornalista Mendes Ribeiro para uma passagem de nível, na Protásio Alves com a Carlos Gomes, e já existem idéias para o nome do Jaime Caetano Braun, com a participação, inclusive, do nosso Presidente Luiz Fernando Záchia.

Agora estamos aqui tratando de pôr nome em uma rua, no Loteamento Azambuja, no Bairro Jardim do Carvalho, de Rua Falcão. “Falcão é rápido, é de rapina e pertence à ordem dos falconiformes. Existe praticamente em todas as regiões da terra, chegando esporadicamente até o Brasil. Os falcões são aves que voam com extraordinária rapidez e alimentam-se somente de animais que eles mesmos caçam.”

Eu sei que é meritório um Vereador, como é o Ver. João Carlos Nedel, quando procurado por uma comunidade, trazer essa vontade. Diz o Vereador, não tenho por que não acreditar, mas eu questiono, sinceramente eu questiono.

A menos que esse Loteamento vá ser um tipo de aviário em nomes e, portanto, vamos ter a Rua Falcão, a Rua Andorinha, a Rua Tico-Tico, a Rua Pilincho, porque o pilincho é uma ave gaúcha, todo mundo conhece. Ou, então, vamos ter um problema. O meu questionamento é esse. Eu sei que já temos, num outro conjunto o nome de Rua Flamingo. Eu não quero fazer pilhéria com uma coisa que é séria porque estamos colocando nomes em ruas, mas deveria haver uma compatibilidade. O Ver. João Carlos Nedel, por exemplo, vai colocar, no mesmo Loteamento, nomes de aves de rapina com aves que não são de rapina? É um questionamento.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, a comunidade fez uma pesquisa e solicitou que todo o Bairro tivesse ruas com nomes de aves. Vai ficar um bairro diferenciado em Porto Alegre. Isso vai ficar bonito para a nossa Cidade. É por isso, Vereador, que, cumprindo a orientação da comunidade, eu estou fazendo isso. Para mim seria muito mais fácil homenagear personalidades e agradar aos seus familiares do que agradar a um bem-te-vi, a um sabiá, a um flamingo, a um falcão. Ora, Vereador, eu tenho que cumprir o que a comunidade pede, e eu fui fiel à comunidade.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Perfeito, Vereador, eu não estou menosprezando a sua diligência em nome da comunidade. O que estou questionando é que nós tenhamos um loteamento com essas características. Mas diz-se que: “Vox populi, vox dei”, se é a vontade do povo, que o faça, porque a lei permite.

Eu fico muito surpreso que estejamos a homenagear uma ave, o falcão, e que venha uma seqüência de ruas com a mesma denominação, de aves.

Eu acredito que temos um problema muito sério, Sr. Presidente, para homenagear ilustres cidadãos de Porto Alegre e, portanto, penso que estamos tirando essa oportunidade em cima deste Projeto. Mas vou encaminhar o meu voto entre a abstenção e favorável, reconhecendo, no trabalho do Ver. João Carlos Nedel, uma exposição da vontade de uma comunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PLL nº 121/01.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acredito que, se tivesse de fazer uma restrição ao Projeto de Lei do Ver. João Carlos Nedel, eu não  diria  “Rua Falcão”, eu  colocaria  “Rua do Falcão” ou  “Rua dos Falcões”.  Mas  aí lembro que o povo porto-alegrense não esqueceu ainda da Travessa Açucena; da Rua Clara, da Rua Larga, da Rua da Ponte; da Rua do Arvoredo; da Rua da Igreja; da Rua do Rosário; da Rua da Alegria e também não esqueceu da Rua da Praia, porque o povo as coloca na sua memória e tem de ser respeitado o desejo do povo.

Penso que a colocação dos nomes de aves vai enriquecer a cultura de todas aquelas pessoas que vão procurar as ruas do Bairro, mas o essencial é que sejam colocadas placas nas ruas da Cidade, o que o Executivo, apesar de a Lei determinar, não está fazendo. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação nominal a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Após a apuração.) Sete votos SIM e 01 voto NÃO. Declaramos nula a votação face a inexistência de quórum deliberativo.

Portanto, damos por  encerrados os trabalhos da presente Sessão Ordinária.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h52min.)

 

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